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“Crise climática bate às nossas portas”: onda histórica de calor marca o fim do inverno no Brasil

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O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) alertou no dia 18 de setembro que uma onda de calor atingiria o Brasil nos próximos dias. Com as temperaturas previstas para ultrapassar 40°C, nas cinco regiões do país, há chances de recordes históricos serem registrados nos termômetros.

O alerta vermelho foi emitido por meteorologistas e representa risco grave à saúde humana, especialmente para grupos vulneráveis, como idosos e crianças. Os estados de Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Goiás serão os mais afetados pela onda. A previsão, de acordo com a organização, é de que os últimos dias do inverno sejam de calor intenso.

O desequilíbrio no meio ambiente, que provoca a onda de calor, revela a urgência do debate sobre as crises climáticas e os impactos já são sentidos pela população. As mudanças climáticas desencadeiam uma série de desafios ambientais e sociais. A exposição aos raios solares, principalmente em dias mais quentes, é capaz de causar queimaduras superficiais extensas e dolorosas a curto prazo, mas também é um dos fatores para o desenvolvimento de lesões malignas de pele

“Os períodos de maior amplitude térmica são os que mais causam descompensação de condições respiratórias crônicas, como rinite, asma ou outras bronquites. O ar seco e as temperaturas extremas afetam diretamente as mucosas e o epitélio das vias aéreas, tornando-a mais reativa ou suscetível às invasões” – diz Alexsander Lopes, médico da família e comunidade do SUS.

Na manhã de ontem (19), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, abriu o discurso da 78ª edição da Assembleia-Geral das Organizações das Nações Unidas (ONU) e apontou que “a crise climática bate às nossas portas”. Lula também criticou a postura de países ricos pela falta de comprometimento com a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável e sinalizou potencial fracasso para medidas que buscam soluções eficazes diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas.

O presidente relembrou ainda que a ajuda mundial da ONU, feita em 2009, de US$100 bilhões anuais para financiamento em defesa da Amazônia foi apenas uma promessa. Quenia Lyrio, bióloga e consultora em sustentabilidade e ESG, sigla em inglês para ambiental, social e governança, conta que o discurso do governante tem grande relevância para o debate sobre as pautas climáticas e diz que “é uma crise que acontece agora, no presente. A ideia de mudanças climáticas passa a perspectiva de futuro, mas está acontecendo agora”.

O aquecimento global é o aumento progressivo das temperaturas médias do planeta. Esse processo está ligado ao efeito estufa, fenômeno natural responsável por estabilizar as quantidades de calor presentes na atmosfera, enfraquecido em razão da poluição do ar resultante da atividade humana. Nesse sentido, ações que esgotam recursos não-renováveis e prejudicam o equilíbrio do meio ambiente, são formas de degradação do ecossistema.

A emissão de gases tóxicos, o desmatamento e as queimadas de florestas são alguns exemplos desse tipo de degradação. Esses comportamentos ameaçam não apenas a biodiversidade, mas também o equilíbrio climático global, exigindo esforços imediatos e colaborativos para reverter essa trajetória e proteger nosso planeta para as futuras gerações.

Além disso, o evento climático que ocorre periodicamente no Oceano Pacífico, conhecido como El Niño, desencadeia o aumento na temperatura das águas superficiais. Um dos impactos notáveis desse fenômeno é sentido no Brasil. O aquecimento acentuado dessas águas impede a chegada de frentes frias no país, o que pode resultar em períodos de calor intenso e prolongado.

Políticas públicas de conscientização da população para enfrentar eventos climáticos extremos, como o ciclone extratropical, que provocou as enchentes no Rio Grande do Sul, evidenciam a urgência da educação ambiental. De acordo com Paula Guimarães, cientista ambiental e especialista em sustentabilidade corporativa e estratégica, o que acontece é um desequilíbrio climático, com catástrofes naturais que ocorrem em um período mais curto e frequente. A falta de infraestrutura para lidar com tragédias climáticas revela os desafios do debate sobre as questões ambientais no Brasil.

A educação sustentável, segundo a especialista, é um caminho possível para mudanças significativas e reforça que conectar as pessoas à natureza é essencial. Paula ainda comenta que “É muito difícil você querer preservar aquilo que você não conhece. Que você não tem conexão afetiva. Que você não entende como seu”. Assim, a pesquisadora defende que a educação ambiental deve ser inserida em todas disciplinas escolares.

 

Reportagem: Catharinna Marques e Joana Braga

Supervisão: Thiago Vivas e Vitor Renato