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São Paulo no escuro: Como a tempestade afeta a população paulistana

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O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), diz que vai recorrer à Justiça nesta quarta-feira pelo descumprimento do prazo dado à Enel para restabelecimento total de luz nas cidades afetadas após temporal na última-sexta feira (3). A empresa italiana é responsável pela distribuição de energia elétrica na capital e Região Metropolitana de São Paulo. O acordo feito entre a concessionária e os prefeitos das cidades atingidas pelo apagão tinha como data limite terça-feira (7). Há a estimativa que cerca de 2,1 milhões de imóveis tenham sido prejudicados com a falta de energia.

Na última sexta-feira, uma forte tempestade atingiu a capital paulista. Cerca de 920 chamadas foram registradas pelo Corpo de Bombeiros, sendo 874 delas para queda de árvores e 46 para desabamentos. Em Santana, região metropolitana de São Paulo, os ventos chegaram a 94 km/h, e na metrópole, chegaram a 100 km/h. Sete mortes já foram confirmadas, dentre elas, um homem que morreu após ser atingido por um muro e duas árvores. 

A realização de atividades básicas do cotidiano também foi afetada pelo temporal. Anne Baffa, de 18 anos, estudante de Relações Internacionais, disse as dificuldades enfrentadas: “A falta de energia afetou minha casa até nas atividades básicas como tomar um banho. Como moro em prédio, a partir do sábado de manhã, a bomba da caixa d’água não conseguia mais distribuir água pelos apartamentos”. Ela também disse que até domingo, ela precisou ir à casa de parentes para salvar alimentos do freezer e carregar o celular. 

A biomédica Letícia Pichinin, de 25 anos, moradora da Vila Prudente, Zona Leste, disse os prejuízos financeiros e emocionais que sofreu, “A maior perda foi um remédio do meu gatinho que já é idoso. É um quimioterápico que custa 130 reais. Precisa ficar sempre refrigerado e tava na metade. Mas nem colocando no freezer teve como salvar, quando a energia voltou no domingo, minha geladeira já estava quente.” 

Eventos marcados para o fim de semana sofreram com o temporal. A Enel trabalhou para garantir energia para 84 escolas em São Paulo onde a prova do ENEM foi aplicada. A reaplicação da prova em casos de impossibilidade da realização por desastres naturais, é prevista no edital do exame, e o Inep diz que há previsão de uma nova aplicação para os afetados. 

Quanto ao Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, a tempestade arrancou tetos de arquibancadas no Autódromo de Interlagos. A prova classificatória foi interrompida faltando quatro minutos para o fim.  

O presidente da Enel São Paulo, Max Xavier Lins, em entrevista coletiva à imprensa, prestou solidariedade aos atingidos pelo apagão. O executivo disse que até o final do dia de hoje (8), o restabelecimento total de energia na Grande São Paulo deve ser realizado. Comentou ainda, que cerca de 11 mil imóveis localizados na capital, em Cotia e em Embu das Artes continuam sem energia elétrica. Os moradores da região estão sem luz há mais de 100 horas.

Max classificou o apagão na Capital e na Região Metropolitana como excepcional e apontou que a queda de árvores dificulta a ação de equipes da Enel para a estabilização da distribuição elétrica. Segundo a empresa, cerca de 98% da rede elétrica é aérea. E para lidar com eventos climáticos extremos como temporais, que afetam a distribuição de energia, uma das soluções apontadas pelo representante da concessionária é o aterramento de fios elétricos. 

De acordo com o presidente da Enel São Paulo, o valor para a execução da ação é alto e não há consenso sobre quanto será o valor e se o custo da mudança de infraestrutura elétrica será repassado ao consumidor. 

Discussão sobre privatização de concessionárias de energia

Mesmo com as diversas complicações que a ENEL causou para os paulistas, Tarcisio Freitas, governador de São Paulo, ainda defende a empresa privada. O republicano afirma que “não podemos nos prender no que deu errado”, e diz que é preciso revisar os contratos. É importante lembrar que um dos maiores planos do Governo de São Paulo é a privatização da Sabesp, Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, plano que é criticado por conta dos prejuízos que privatizações passadas causaram para os moradores de São Paulo. 

Desde de julho de 2018, a Enel mostrou resultados negativos para os paulistas. Estima-se que cerca de 36% dos trabalhadores foram cortados desde então e o tempo de espera médio por atendimento a energias duplicou. Letícia Pichinin fala sobre sua experiência com a Enel: “Aqui no bairro é bem comum faltar energia quando tem tempestade, mesmo sem cair árvores nem nada. Tentamos entrar no site, mas estava fora do ar e o número que tinha para ligar, falava que precisava ser de um telefone fixo. Tivemos que baixar o aplicativo, tudo com 3g nosso, e mandar uma solicitação que não foi respondida”.  

 

Reportagem por: Carolina Dorfman e Catharinna Marques

Supervisão por: Thiago Vivas e Vitor Renato

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