França
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A França é o quinto país com mais infectados pelo Covid-19 no mundo, com 131.365 casos confirmados. Além disso, é a quarta nação com mais óbitos em decorrência do vírus com 15.750, atrás apenas dos Estados Unidos, Itália e Espanha.
Nesta segunda-feira, o presidente Emmanuel Macron anunciou que as medidas de isolamento social continuarão em vigor, no mínimo, até o dia 11 de maio. Para entendermos o contexto da extensão do confinamento, que começou no dia 16 de março, entrevistamos Bárbara Fagundes, moradora de Paris a um ano e estudante de Direito na Universidade Sorbonne.
Portal: Quais as principais mudanças que você percebeu na sua rotina?
Bárbara: Com a quarentena fico impossibilitada de manter minhas atividades na universidade presencialmente e de visitar ou sair com meus amigos. Todos os lugares públicos foram fechados e, com isso, não posso mais ir à museus ou lojas, atividades que eu fazia habitualmente. A principal mudança foi a impossibilidade de estar em outros lugares e a perda do contato físico com meus amigos.
Portal: Como está a rotina da família?
Bárbara: Mantemos uma rotina que todos seguem. Eu continuo estudando, assim como minhas irmãs, que recebem deveres e tem aulas online. Meus pais dão uma grande atenção para que elas avancem na escola mesmo sem as aulas presenciais. Fazemos exercícios físicos fora de casa nos horários e no tempo permitido. Complementamos essa atividade física dentro de casa de forma mais improvisada.
Portal: Como você está fazendo para estudar em casa? O que sua universidade fez para lidar com essa situação?
Bárbara: A universidade continua mandando trabalhos, aulas em pdf e outros materiais feitos pelos professores. A Sorbonne enviou uma mensagem de texto para todos os alunos a fim de inteirar quanto às dificuldades individuais e, dessa forma, ajudá-los financeiramente. Para que assim eles possam comprar um aparelho eletrônico e ter acesso à internet a fim de tentar diminuir as disparidades do ensino à distância. No entanto, eles tiveram um grande problema com isso porque alguns e-mails eram fake e ainda não conseguiram atender as demandas dos alunos de forma completa. Diante desse cenário, o sindicato dos estudantes se mobilizou para que todas as provas sejam anuladas no segundo semestre, uma vez que ainda não terminamos o ano de 2019.
Portal: Quais mudanças você tem percebido na sua vizinhança?
Bárbara: O respeito às regras varia de bairro e de situação. No bairro que eu moro, todos parecem respeitar as saídas de no máximo 1 hora e com uma autorização padronizada pelo Ministro do Interior, preenchida por cada um e justificando a necessidade de sair. O espaçamento de 1 metro entre as pessoas é raramente respeitado. A aglomeração para atividades físicas e saídas com animais domésticos também permanecem ocorrendo, sobretudo após a restrição de horários para esse fim. Em resumo, as regras que, se desrespeitadas, resultam em multa – 135 euros – são respeitadas, as outras não.
Portal: O que você tem feito no seu tempo livre?
Bárbara: Tenho lido, estudado línguas, visto lives no Instagram e falado com amigos por chamada de vídeo.
Portal: Quais medidas de segurança vocês tem tomado?
Bárbara: Passamos álcool, o de 90%, pois o 70% está em falta nos mercados e farmácias, em todas as compras. Nossos sapatos ficam fora de casa, lavamos as mãos constantemente, evitamos elevadores e lavamos a roupa de forma mais frequente.
Portal: O que você sente mais falta de fazer no seu dia a dia?
Bárbara: Sinto mais falta de andar pelos parques na primavera. Nós estamos em confinamento desde o início da primavera, momento em que as temperaturas estimulam os passeios nos parques sempre muito floridos nessa época. Também sido falta de viajar para outros países e ver meu namorado, uma vez que ele mora na Alemanha.
Reportagem: Alberto Ghazale, Ana Júlia Oliveira, Carolina Mie, Eloah Almeida, Felipe Rinaldi, Gabriel Lorenzo, João Medina e Pedro Cardoso
Supervisão: Mariana Colpas e Patrick Garrido