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C6 Fest marca a vinda de gigantes internacionais para o Rio de Janeiro

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O C6 Fest Rio aconteceu nos dias 18, 19 e 20 de maio, no Vivo Rio. O evento levou grandes nomes da música internacional para o Rio de Janeiro, entre eles: Kraftwerk, Underworld e Black Country, New Road. Samara Joy e Jon Batiste, dois ganhadores do Grammy, também fizeram parte da lineup do festival que animou a noite carioca. Os dois enalteceram a música brasileira e performaram músicas em português. A banda indie Terno Rei foi a única representante do país no festival.

O primeiro dia de evento já começou com gigantes da música. Pioneiros na música eletrônica, o grupo alemão Kraftwerk abriu a noite com um belo jogo de luz e imagens, com uma resposta positiva do público presente no Vivo Rio. Essa foi a quinta passagem da banda pelo Brasil, anteriormente eles estiveram no país em 1998, 2004, 2009 e 2012. Dessa vez, apenas um dos integrantes da formação original, Ralf Hütter, esteve presente, o outro criador, Florian Schneider, faleceu em 2020. O maior hit do grupo, “The model”, animou os fãs presentes no local, mas a falta dos sucessos “Neon Lights” e “Radioactivity” não passou despercebida.

Kraftwerk se apresentando no C6 Fest Rio/ Foto: Renan Schimid

O estudante João Maurício comentou sobre a sua experiência com o show do grupo: “Eu comprei o ingresso de presente para o meu pai porque é fã do Kraftwerk desde pequeno, a gente é viciado desde sempre, e eu poder proporcionar isso pra ele foi muito maneiro, é incrível poder ver esses caras ao vivo, eles são os Beatles da música eletrônica.”

Para fechar o primeiro dia de apenas dois shows, a dupla Underworld subiu ao palco para uma apresentação entusiasmada que não deixou o Vivo Rio ficar parado. A dupla galesa é conhecida principalmente pelo single “Born Slippy. NUXX”, faixa produzida em 1996 para o filme Trainspotting. A performance foi extremamente enérgica com muitas luzes e fumaça até demais, o vocalista Karl Hyde não parou de pular e dançar por todo o palco, levando o público à loucura. A primeira noite do C6 Fest  foi um sucesso, e aumentou mais ainda a expectativa para os outros dois dias. 

Underworld fechando o primeiro dia de C6 / Foto: Renan Schimid

Na sexta-feira, os instrumentalistas Domi & JD Beck foram os primeiros a se apresentar. Formada em 2018, pela tecladista DOMi Louna e o baterista JD Beck, a dupla animou o público carioca. Os jovens tocaram grandes sucessos, entre eles: “Take a Chance” e “Bowling”, do aclamado álbum “NOT TiGHT”. O músico João Pedro, que só esteve presente na sexta-feira por conta do show da dupla, destaca o som inovador dos jovens. “A música deles é excelente! Eles são muito inovadores, o que eu acho que é difícil no jazz, porque já fizeram muita coisa. Apesar do ingresso muito caro, o show foi um dos melhores que já vi”.

Em seguida, o público contemplou Samara Joy, ganhadora do “Melhor Álbum Vocal de Jazz” no Grammy Awards de 2023, com “Linger Awhile”. Na cerimônia, Samara também venceu o prêmio “Melhor Artista Revelação” e desbancou nomes como Anitta e a banda Måneskin. A cantora de Jazz iniciou sua apresentação com uma conversa em português com o público e aproveitou a euforia para cantar “Chega de Saudade”, de João Gilberto, além dos sucessos de seu premiado disco. Joy ainda cantou “Flor de Lis”, de Djavan, que já revelou ser fã.

Samara Joy no C6 Fest/ Foto: David Silva

 

Jon Batiste fechou o segundo dia de festival. O cantor ganhou o Grammy de “Melhor Álbum do Ano”, em 2022, e se tornou o primeiro homem negro a ganhar a categoria desde Herbie Hancock, 14 anos antes. A vinda de Jon para o C6 Fest marca a primeira vez dele no Brasil e, certamente, será lembrada por todos que estiveram presentes. O artista iniciou a apresentação com um clássico samba brasileiro e encantou a todos após tocar 3 instrumentos (baixo, saxofone e teclado) em menos de 3 minutos. Batiste convidou Lia de Itamaracá para participar das quatro últimas músicas de seu show. Juntos, cantaram “Janaína”, “Quem me deu foi Lia”, “Meu São Jorge” e “Mãe Oxum”.

O ato de Samara de interagir e cantar músicas em português evidencia uma preocupação de artistas estrangeiros em entregarem uma apresentação agradável para o público, sem se resguardar em seus nomes. Jon, por exemplo, teve o cuidado de convidar uma lenda da música brasileira para cantar na sua primeira vinda ao Brasil. Tais situações destacam a relevância da música brasileira pelo mundo afora.

Jon Batiste na última apresentação do dia 2/ Foto: David Silva

O terceiro e último dia do C6 agradou o jovem alternativo carioca com os shows de Terno Rei, Black Country, New Road e The War On Drugs, embora parte do público tenha considerado o headliner deslocado entre os outros artistas. É o que comenta o jornalista Bernardo Bruno. “Eu acho que não combinou muito, ainda mais como headliner do dia, por mais que o War On Drugs seja uma banda com uma bagagem maior e ganhadora de Grammy, o Black Country, New Road é uma banda que está muito em alta hoje, […], e eu acho que eles atraíram a maior parte do público”.

Terno Rei abriu a noite de sábado com alguns sucessos do álbum “Violeta”, que consagrou o grupo no indie rock nacional, além das canções do projeto mais recente, “Gêmeos”. As músicas “Retrovisor” e “Isabella” contaram com a participação de Lewis Evans, do Black Country, New Road, no saxofone, o que mostra como as sonoridades diferentes dos grupos conversam entre si, e com o público. “É um estilo de música um pouco diferente, assim, rock alternativo, […], apesar de serem bandas muito diferentes, combina com essa identidade mais jovem”, completa Bernardo.

 

Ale Sater, vocalista do Terno Rei, no C6 Fest/ Foto: Pedro Zandonadi

 

A banda inglesa formada em 2018 fez sua estréia nos palcos brasileiros com muita maturidade e um extenso repertório instrumental entre os seis membros. “BC,NR” lançou seu álbum mais aclamado, “Ants from Up There”, em fevereiro de 2022, apenas quatro dias após a saída do vocalista Isaac Wood. Apesar da popularidade do disco, a banda inclui apenas as faixas do “Live At Bush Hall”, de março de 2023, e outras composições inéditas em seu repertório ao vivo, com Tyler Hyde, May Kershaw e Lewis Evans dividindo os vocais.

Além da demonstração de carisma em sua participação no show da banda brasileira, Lewis cativou a parcela rubro-negra da plateia ao se apresentar com uma camisa do Flamengo, e trocando a letra “I was doing it like May” para “I was doing it like Gabigol em “Across The Pond Friend”.

Lewis Evans, do Black Country, New Road, com a camisa do Flamengo/ Foto: Pedro Zandonadi

No encerramento da edição carioca do C6 Fest, The War on Drugs, também pela primeira vez no Brasil, apresentou os clássicos de sua consagrada carreira de 18 anos para uma parcela menor do público. Embora parte da plateia tenha saído antecipadamente, os presentes souberam apreciar o som envolvente do Rock americano. Para fechar com chave de ouro, a banda tocou “Thinking of a Place”, do álbum  “A Deeper Understanding”, que venceu o prêmio “Melhor Álbum de Rock” nos Grammys de 2018.

 

Reportagem: David Silva, Pedro Zandonadi e Renan Schimid
Supervisão: Gabriel Rechenioti

Foto de capa: Pedro Zandonadi

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