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Rua da Carioca, o exemplo do descaso da prefeitura

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A Rua da Carioca, uma das áreas mais tradicionais do Centro do Rio de Janeiro, é o retrato do cenário crítico em que vivem os comerciantes da cidade. Em seus 300 metros de extensão, existem pelo menos 25 lojas fechadas. Contudo, o centenário Bar Luiz, localizado no número 39 dessa rua, teve a sua história diferente dos demais comércios da região. Após a comoção de clientes e fãs, o restaurante que anunciou falência no dia 7 de setembro reviveu por conta da solidariedade. 

No entanto, nem todos os estabelecimentos tiveram apoio como o Bar Luiz. Durante o ano de 2018 foram fechadas 10 mil lojas na cidade, um aumento de 15% em comparação ao ano anterior, mostra pesquisa do CDLRio (Centro de Estudos do Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro ).

Interior do Bar Luiz, 2019. Foto: Kaio Caiazzo.

A decadência das instituições comerciais, culturais e de lazer da cidade foi dada, principalmente, pela crise econômica e violência local. Para Iara Campello, aposentada e cliente do bar de 72 anos, o essencial para que a rua volte a fazer sucesso seria a segurança. “Eu só sinto não ter ‘grana’ para levar uma estrutura dessas para uma área segura”, conta Iara. 

O cineasta e apreciador da história da Rua da Carioca, Kaio Caiazzo de 27 anos, também sustenta a ideia de abandono que o governo tem com a história da cidade. E, com pesar, dá o exemplo da Guitarra de Prata, que antes era uma das principais lojas de música da região. “Saindo ali na rua, tem uma placa da prefeitura comemorando o centenário dela e é uma lápide porque tem a placa comemorativa e o lugar está fechado. E não abriu outra coisa, só fecha.” conta Caiazzo. Além disso, ele reforça que nos últimos anos o comércio local está acabando, já que não se tem novas lojas:  “Dizem que é por conta dos preços dos aluguéis”. Ele ainda afirma que a rua vazia assusta os clientes. 

Essa situação tem agravado o fechamento desses pequenos polos históricos e culturais.  Uma mudança que afeta, segundo o gerente do Bar Luiz, Emerson Coelho de 59 anos, o humor do carioca. “Iriam passar aqui e encontrar a porta fechada. E isso causaria um sentimento de dor e de perda”, afirma o lojista.  E, assim como Emerson, a aposentada Iara fala sobre a sensação que teve quando soube do fechamento do bar. “Sou muito saudosista, fico relembrando aquela época. Então dói.”, diz Iara. 

Reportagem: Ana Júlia Oliveira

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