CARREGANDO

O que você procura

Geral

Os mensageiros da arte no vagão

Compartilhar

No vai e vem dos vagões, diversos artistas encontram a oportunidade de expor seu trabalho. Para algumas pessoas, a arte nos transportes coletivos é um instrumento de incentivo à cultura, enquanto para outras é um incômodo. Os dançarinos, poetas e músicos se alegram ao ouvirem elogios dos passageiros que apreciam suas exibições, e consideram a manifestação artística como um meio de se comunicar com eles.

 

Wellington Fidelis, que é dançarino há 17 anos, entende que o objetivo dessas atividades é estimular o público a se expressar através da arte, e, assim, conscientizá-lo sobre a importância que a dança e a música exercem na cultura brasileira. “A gente dança não apenas para as competições, é também para incentivar as pessoas. Mostrar que tem gente boa se apresentando aqui dentro”.

 

As performances dos artistas nos transportes coletivos foram regularizadas no final do ano passado, o que, segundo Danilo Raoni, intérprete do rei do pop Michael Jackson, melhorou muito a forma como as pessoas encaravam esse tipo de manifestação. “Antes, por não estar previsto em lei, o público achava errado. Agora que a lei foi aprovada, nós temos maior liberdade e fica mais fácil para fazer as nossas apresentações”.

 

Bboy Bizo, parceiro de dança de Wellington, diz que, mesmo com toda a visibilidade e aceitação que ele e o seu coletivo de dança têm, o grupo é, quase todo dia, solicitado por passageiros a não se apresentar. Um funcionário do MetroRio, que pediu para não ser identificado, disse que as manifestações podem ocorrer desde que não alterem a ordem do cotidiano de quem utiliza o transporte. Acrescentou, também, que só há problema caso as pessoas que se mostraram  incomodadas com a apresentação não sejam respeitadas.

As artes nos vagões, além de representar grupos sociais culturalmente, é bem organizada. Existe um consenso entre os artistas que preestabelece que aconteçam apenas duas apresentações por trem. Segundo Charles de Carvalho, poeta que recita seus versos no metrô, muitos grupos encontram-se e confraternizam juntos, e o clima entre eles é de união. Para ele, todos estão no mesmo papel de espalhar felicidade e cultura no lugar em que milhares de pessoas embarcam diariamente para se locomover pela cidade do Rio.

Reportagem: Gustavo Senna e João Victor Thomaz.