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O impacto de bebidas alcoólicas nos estádios

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O comércio de bebidas alcoólicas nos estádios brasileiros sempre foi tema de debate, seja nas mesas redondas, em bares ou autoridades da lei. Nesta terça-feira (12) a discussão ganhou força devido o Senado Federal. Lá, os senadores da Comissão da Educação aprovaram o Projeto 3.788/2019 que proíbe o uso e torna crime a venda dessas bebidas dentro das arenas. Porém, ainda falta a Comissão de Constituição e Justiça decidir se a proibição deve entrar em vigor ou não.

Apesar da legislação brasileira ser contra, em 2014 a Federação Internacional de Futebol (FIFA) conseguiu aprovar a venda durante os jogos da Copa do Mundo. Após isso, sete estados brasileiros prosseguiram com essa prática. Foram eles: Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Santa Catarina. O esforço da federação em relação ao consumo de cerveja nos estádios está ligado ao fato de que, um dos maiores patrocinadores esportivos do mundo, principalmente do futebol, é do setor de bebidas alcoólicas.

Durante a Copa América deste ano, devido a uma lei local nos estados de São Paulo e do Rio Grande do Sul, o consumo de álcool foi vetado na Arena Corinthians, Arena do Grêmio e Morumbi. Além do mais, os quatro clubes paulistas da elite brasileira fizeram campanhas para liberação do uso. O tema ganhou força e chegou a ser aprovado pela Assembleia Legislativa de São Paulo, mas o Governador em Exercício, Rodrigo García vetou o projeto. O São Paulo Futebol Clube foi um dos que, por meio de sua rede social, se mostrou à favor em pronunciamento oficial.

Juridicamente, a questão da liberação ou proibição ainda está em debate. Para a advogada Bárbara Ewers, vetar bebidas alcoólicas neste local é algo positivo, pois serve como medida eficaz para a redução do consumo desenfreado diante à violência e danos, tanto patrimoniais quanto sociais,  durante os jogos. Bárbara explica que a proibição ocorre para que seja garantida a segurança e tranquilidade de todos os torcedores. “As medidas legais são através de criação e aprovação de projetos de lei que autorizem a comercialização”, acrescenta.

Onde a bebida é proibida, no lado de fora não há nenhuma regulação. No caminho e ao redor,, é possível consumir tranquilamente. Às vezes, o torcedor chega mais alcoolizado ao jogo do que chegaria se fosse permitido consumo dentro dele. “Eles obrigam o cliente a ficar do lado de fora, em pé, sobre chuva e sol, conforto zero, esperando dar 10/15 minutos para entrar no estádio. Acaba que todo mundo entra igual uma manada”, diz Luiz Buckton, embaixador da torcida do Flamengo no Rio Grande do Sul.

A proibição acaba não tendo efeito nenhum durante os jogos, apenas diminui o lucro dos clubes, estádios e patrocinadores. “Eu, do lado de fora, tô consumindo de um sujeito que trabalha de maneira informal. Em contraponto, a cerveja do estádio vai gerar renda para o clube, possibilidade de que o patrocinador faça ações. Ou seja, o bar, geraria tributos”, acrescentou o torcedor.

Ambev, distribuidora da cerveja comercializada em campeonatos como Brasileirão e Libertadores, foi procurada pela equipe do Portal, mas preferiu não se pronunciar sobre o assunto.

Luiz, que já frequentou jogos na América do Sul e na Europa cita as diferenças que percebeu entre os continentes. Na Argentina, Chile e Uruguai há a utilização de bafômetros. “Os policiais escolhem aleatoriamente, conforme a performance do torcedor. Dependendo do estado, são removidos da área”. Já na Europa, ele vê que há mais liberdade sobre o consumo e mais consciência sobre as atitudes. “Você tem a fábrica dentro do estádio, você sabe seus limites. Sabe que ali é sério e funciona. Sabe que não pode se exaltar se não terá que ser punido”.

Para ele, no Brasil há carência de atitudes dos dois lados. Por parte de quem organiza o maior erro é generalizar e, assim, acabam penalizando as minorias que são inocentes. Já para os torcedores, é preciso maior conscientização. Luiz acrescenta com o exemplo das muretas recém colocadas nas novas arenas. “Há alguns anos você não poderia imaginar que as pessoas respeitariam a mureta que as dividem do campo. Mas tá aí, é uma realidade. Ninguém invade porque foram orientados”.

Reportagem: Maria Luísa Martins, Patrick Garrido e Pedro Cardoso

Imagem em destaque: Geraldo Bubniak/Gazeta Press

 

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