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O amor pelo futebol de geração em geração

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Reportagem de Eliza Cunha e Isabelle Rodrigues

 

O futebol, paixão de milhares de pessoas, é também um laço criado entre pais e filhos e passado por gerações. A influência dos pais é fundamental para multiplicar o amor pelo clube e manter vivo o sentimento de torcedor, fazendo com que a relação entre família e esporte caminhem juntos. Dessa forma, o futebol é capaz de promover a união e fortalecer vínculos através das emoções causadas pelo ato de torcer.

Sérgio e seu filho Vinícius em seu primeiro jogo juntos. / Foto: Acervo Pessoal / Reprodução.

A relação de pais e filhos que têm em comum o amor pelo futebol é marcada por momentos de felicidade junto ao clube que amam. É o caso do empresário Sérgio Murilo, de 43 anos, pai do estudante de marketing Vinícius Souza, de 19, que compartilham a paixão incondicional pelo Botafogo. Segundo o jovem, ele aprendeu tudo que sabe sobre o clube com o pai, que jogou nas categorias de base juvenis quando mais novo e fez questão de contar sobre a história, os títulos mais importantes e os principais jogadores. “Meu pai nunca me forçou a ser botafoguense, mas ele sempre incentivava dando camisas e me colocando pra assistir os jogos”, disse Vinícius, que costuma assistir aos jogos do Botafogo com o pai. Além disso, o estudante relata que os dois tem uma forma muito diferente de torcer quando vão juntos aos estádios. “Ele fica muito nervoso e não gosta muito de ficar em torcidas organizadas. Eu já gosto de ficar lá no meio da galera, cantando o jogo todo”, conta. O momento mais marcante para ambos foi a primeira partida que assistiram juntos na arquibancada, uma final de Campeonato Carioca contra o Resende no antigo Maracanã, em que o clube foi campeão. “Foi um momento marcante e eu decidi levar ele por ser um jogo de final e com torcida única do Botafogo. Foi muito emocionante olhar no rosto dele vibrando comigo”, disse Sérgio. Além disso, ele afirma que o filho hoje é mais fanático e participativo. “Hoje ele frequenta muito mais que eu”.

Guilherme acompanhando o Fluminense na presença do pai, Sérgio, / Foto: Acervo Pessoal / Reprodução.

Já o arqueólogo e tricolor Sérgio Batista Pereira, de 59 anos, desde o momento em que descobriu a gravidez da esposa, já imaginava seu filho indo para o estádio. Assim, ele levou o estudante Guilherme Ferreira Delphim Pereira, de 20, pela primeira vez ao Maracanã em 1997, ano em que nasceu. Apesar de ter tido a influência do tio para seguir o Vasco, Guilherme se rendeu ao amor do pai pelo Fluminense e passou a estar presente na arquibancada tricolor sempre que pode. “Desde o momento que ele me levou no Maracanã, eu fiquei apaixonado pelas cores do Fluminense. Se não fosse ele, eu seria vascaíno, vice e triste”, brincou. Ele e o pai estão constantemente presentes nos jogos, dentro ou fora do Rio de Janeiro: “nossos fins de semana são sempre marcados pela nossa presença nos estádios ou pelas viagens que fazemos para acompanhar o clube”, disse Sérgio. O arqueólogo também comentou sobre a gratidão em ver o filho crescer na bancada: “as pessoas nos jogos comentam bastante que viram meu filho pequeno nos jogos e agora ele já é um homem, e isso me deixa bastante emocionado”.

 

Os momentos compartilhados nos estádios também começaram cedo para o fotógrafo e jornalista Jorge Zeferino, de 42 anos, pai do jornalista Yuri Agahmenon, de 22. A dupla, que torce para o Flamengo, costuma assistir a jogos juntos tanto em casa como nas arquibancadas desde muito cedo. Segundo o fotógrafo, é de grande importância viver instantes como o da final do Campeonato Brasileiro de 2009, em que o clube foi campeão, junto ao filho no estádio. “São momentos que a gente não esquece jamais. Eu guardo os meus com o meu pai e espero que ele faça o mesmo”, conta Jorge. Para o jovem, o pai é a melhor companhia que ele pode ter para assistir ao Flamengo. “Ir ao estádio com o meu pai é ir com o meu melhor amigo, que vibra, chora e ri junto comigo”, disse Yuri, que acha que será do mesmo jeito quando tiver filhos. “Com os meus filhos eu serei bastante influenciador porque ser Flamengo é um privilégio e eu vou fazer de tudo para que eles sintam isso.”

 

A estudante Gabriela Ananias Barbosa, de 23 anos, aprendeu a acompanhar o time da cidade em que mora, o Voltaço, de Volta Redonda, e o de seu pai, o advogado Manoel Lourenço Barbosa Neto, de 60 anos, o Vasco. Sua primeira vez no estádio foi após vê-lo saindo de casa com a irmã e querer ir também, em 1998. Gabriela conta que os dois sempre assistem jogos do futebol brasileiro juntos, de qualquer campeonato e qualquer divisão. “Tudo que eu sei de futebol foi meu pai que me ensinou. Impedimentos, todas as regras, tudo ele ensinou, e inclusive a torcer, porque torço para o Vasco”, brincou a estudante. Manoel contou que sua intenção sempre foi fazer com que a filha gostasse de futebol, e nunca de escolher seu time: “só não podia ser flamenguista, fora isso minha reação seria normal”, disse. A influência do pai começou devido ao seu fanatismo, já que ele tinha todas as camisas e acompanhava constantemente os jogos, Gabriela passou a assistir junto e dividir o fanatismo e, hoje, ela se diz muito mais fanática do que ele e acha estranho ir ao estádio sem ele: “agora que ele está velho sou eu quem levo”, falou.

Yandra e o pai, Julio, em uma das viagens para acompanhar o Fluminense no Mineirão, em Belo Horizonte. /Foto: Acervo Pessoal / Reprodução.

Viagens ao redor do Brasil para acompanhar o Fluminense são comuns na rotina da estudante Yandra Queiroz Guimarães, de 22 anos, e do trabalhador autônomo Julio Cesar de Souza Guimarães, de 52 anos. O pai conta que, levar a filha ao estádio, de início, era uma desculpa para a esposa deixá-lo ir, mas Yandra acabou gostando. “Eu queria que ela torcesse para o Fluminense, mas não imaginava que seria tanto”, comentou Julio. O primeiro presente que a estudante recebeu do pai, ainda na maternidade, foi uma camisa do clube. “Eu sempre andei vestida de Fluminense, dos pés até a cabeça, então ele é o principal influenciador desse amor”, falou. Pai e filha são parceiros de viagem e já foram em mais de 15 estádios diferentes juntos em todo o Brasil para acompanhar o time, mas, segundo eles, hoje Yandra viaja mais do que o pai. “Ele não mede esforços para me ajudar a ir atrás do clube mesmo quando ele não pode ir”. Ela falou sobre a tentativa dos dois de influenciar o afilhado que, com um ano de vida, já é sócio do Fluminense: “acredito que esse amor possa ser passado de geração em geração”.

 

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