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Número de mulheres gamers supera o de homens pelo segundo ano consecutivo

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Pela segunda vez consecutiva, a Pesquisa Game Brasil mostra que as mulheres representam a maioria no universo dos games. De acordo com a apuração, 53% dos gamers casuais do país são do sexo feminino. O levantamento foi realizado pela agência de tecnologia interativa SIOUX, em conjunto com a empresa de pesquisa especializada em consumo Blend New Research e o núcleo de Estudos e Negócios em Marketing Digital da ESPM. No entanto, as dificuldades pelas quais elas passam diariamente para conquistar respeito nos e-Sports ainda são incontáveis.

“O machismo evidente nos jogos online é uma das principais razões para que seja tão difícil a profissionalização das mulheres dentro deles”, afirma o gamer profissional Yago Ascoli, de 18 anos. Ele explica que, quando as mulheres buscam um time para começar a jogar profissionalmente, os homens não as aceitam por pensarem que seria ruim para a imagem da equipe e até mesmo por não acreditarem no potencial delas. “Isso influencia também na pouca divulgação dos times femininos. Embora as mulheres sejam maioria, poucas conseguem se tornar jogadoras profissionais, poucos grupos são formados, e competições pequenas acabam não chamando tanto a atenção da mídia”, relata.

Além de situações como essa, o dia a dia feminino no mundo dos games também é marcado por situações de assédio: “Quando os meninos aceitam jogar comigo, não param de pedir redes sociais e outras coisas, oferecendo também o tempo inteiro me dar ‘presentes’ dentro do próprio jogo”, conta Michelle Bonorino, de 20 anos.  É por causa disso que muitas jogadoras escolhem se identificar com nomes neutros ou masculinos, para evitar os insultos  que as perseguem dentro do ambiente dos jogos online. Para expor a gravidade a que essas situações chegaram, as gamers se juntaram e criaram a hashtag “#mygamemyname”, com o objetivo de reforçar que as todas as meninas têm o direito de jogar e serem tratadas com respeito.

O efeito da presença feminina agindo com mais atitude neste meio serve de exemplo para diversas mulheres.”Significa que a cada dia mais estamos conseguindo desconstruir o machismo e o sexismo enraizado em nossa sociedade ”, comenta a gamer de 17 anos, Gabriela Pfaltzgraff. Ela diz que, antes de começar a assistir algumas youtubers e streamers, tinha medo de baixar jogos e sofrer preconceito.

Gabriela Pfaltzgraff, gamer casual./Foto: Acervo pessoal

A estudante de design de games, Laura Rodrigues, já presenciou situações de assédio onde estuda. Ela conta que recentemente houve a criação de uma atlética de games, em que os participantes podem fazer parte de times mistos. “Uma caloura minha ouviu que só porque ela era a única menina da sala devia estar dando condições a todos os meninos da turma dela.” Laura, que paralelamente à faculdade faz um curso de design, acrescenta que já lhe disseram em sua classe que ela não teria a capacidade de entendimento da lógica dos games, apenas por ser mulher.

Segundo o gamer Matheus Fallett, de 18 anos, as meninas conseguem ganhar espaço nos games com a ajuda das próprias personagens dos jogos: “Essas protagonistas não precisam ser salvas, como o modelo estereotipado das mulheres. São elas que salvam as pessoas, que tem atitude e que fazem a diferença. É muito bom ver vários jogos parando de sensualizar o modelo feminino e levando muito mais em consideração a personalidade da personagem.”. Além disso, ele afirma também que essas heroínas são um verdadeiro exemplo da expressão “girl power”.

Lara Croft, da série de jogos “Tomb Raider”

Reportagem de Bárbara Beatriz Camello e Lorena Leal