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Negros no futebol: destaque dentro de campo, ostracismo fora

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O futebol é a paixão nacional. Este é um grande clichê, quando se fala das características culturais do Brasil. Em todas as classes sociais, a preferência esportiva é o futebol, tanto o nacional quanto o internacional, e dentre os maiores ídolos nacionais do esporte uma característica predominante: a grande maioria de negros como destaque. Zizinho, Domingos da Guia, Pelé, Jairzinho, Júnior, Ronaldo e Neymar são alguns entre as dezenas de jogadores históricos que colocaram o Brasil como referência de qualidade futebolística. No entanto, esse sucesso não continua sua evolução natural quando os atletas penduram as chuteiras e buscam o seguimento da carreira como técnicos, dirigentes, etc.

No último senso divulgado pelo IBGE, o Brasil registrou cerca de 56,4% da população que se autodeclara entre negros e pardos, ou seja, mais da metade da população. Atualmente, dos 20 clubes da série A do Campeonato Brasileiro, apenas o Bahia conta com um técnico negro, alarmantes 5% do total de técnicos. “O futebol, nesse caso, imita o Brasil inteiro. O futebol é brasileiro, e como brasileiro também é racista, excludente, desigual. Tem uma barreira, realmente, para os negros chegarem nos cargos de mando.” Analisou Aydano André Motta, jornalista dos canais SporTV.

A falta de negros em cargos de chefia não é uma exclusividade do futebol. Em pesquisa realizada em 2017 com cerca de 500 empresas brasileiras, o IBGE elucidou que apenas 10% delas contavam com negros comandando. “Quando trazemos esse racismo estrutural pro futebol, a tendência é a situação se agravar. O futebol tem um nível de escolaridade baixa em geral, independente de negros ou brancos. Em 2016 uma emissora fez uma entrevista com os 600 atletas da série A, deste número, apenas 15 atletas tinham cursado instituições de nível superior. Nível superior completo, apenas cinco, ou seja, um número insignificante. Outro dado alarmante é que desses 15 atletas, apenas um era negro.” Analisou Francisco Moreira Júnior, professor de Sociologia.

A maior prova de existência desse racismo velado talvez seja o ex-técnico do Flamengo, Andrade. Multicampeão pelo Flamengo como jogador, foi campeão Brasileiro em 2009 na sua primeira experiência como técnico. Depois, nunca mais recebeu uma chance em outro clube de ponta no futebol brasileiro, até anunciar aposentadoria em 2017. Exemplos não faltam. No país que reverenciou Pelé, vibrou com Romário e se encantou por Robinho, o negro nada mais é do que um “pé de obra” que ainda tem que correr muito atrás do reconhecimento também como líder.

*A reportagem tentou contato com os treinadores Cristóvão Borges, Andrade e Marcão, mas não obteve sucesso.           

Reportagem de Davi Barbosa e Renan Adnet

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