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ENEM para todos

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O Exame Nacional do Ensino Médio, ENEM, é o principal processo de ingresso nas instituições públicas de nível superior. O exame tenta ser democrático em sua realização, e para isso, tem desenvolvido recursos de acessibilidade para estudantes que requeiram atendimento especializado, específico, ou pelo nome social. Para que se possa adquirir a ajuda desejada, os vestibulandos devem informar, na hora da inscrição, qual o auxilio necessitado para a realização da prova. 

No ano de 2019 cerca de 50 mil pessoas solicitaram o atendimento especializado, caracterizado pela disponibilidade de materiais e acompanhantes específicos durante as provas. Desde 2018, quando 29.954 solicitações foram aprovadas, houve uma diferença de 20 mil solicitações. Para Raphaela Athayde, superintendente do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência, IBDD, a crescente procura pelo vestibular especializado veio da publicidade realizada durantes esses anos em relação aos recursos de acessibilidade oferecidos. “Acredito que como o Educa Brasil Portal já começou em março a dar publicidade sobre, incentivou as pessoas com deficiência a buscarem seus direitos”.

A inclusão do deficiente de acordo com a LDB, Lei de Diretrizes Básicas da Educação, deve começar ainda na fase escolar. No entanto, como muitas vezes não é isso o que acontece, os alunos enfrentam problemas na hora de se inscreverem para realizar testes como o ENEM. “A pessoa com deficiência não tem essa expectativa de que a lei vai ser cumprida com ela. Então informar esse grupo é importante, porque você fala para alguém que está desestimulado, pensando que nada vai acontecer que o seu direito vai ser respeitado”, completa a superintendente.

A assistência social do IBDD já registrou histórias de pessoas cegas que, apesar de terem requisitado o apoio de ledores, não conseguiram entender o ENEM. As principais reclamações envolvem o fato de que, apesar de serem designados para auxiliá-los em uma prova que envolve diferentes áreas do conhecimento, eles nem sempre são aptos para realizar a leitura de todas essas matérias.

Apesar disso, ainda há opiniões positivas em relação à participação desses profissionais. Uma estudante cega que preferiu não ser identificada contou que, quando realizou o exame, conseguiu acompanhar seu ledor na prova escrita em braile. Contudo, reclama de outro ponto: “A prova é muito extensa e cansativa para que seja solicitada somente adaptação em braile”.

Parte da prova em Braille
Reprodução: EBC

Para os alunos deficientes, são reservados 120 minutos de prova a mais. Os surdos, recebem acesso às questões gravadas em vídeo, além do apoio de intérpretes. Já os cegos contam com ledores e transcritores, enquanto os com baixa visão podem requerer uma impressão com tamanho maior. Pessoas com deficiências psíquicas precisam especificar suas necessidades, para que estas possam buscar ser atendidas.

Apesar do crescimento da busca do ENEM por alunos deficientes, no contexto geral, houve uma queda no número de inscritos. “Hoje, parece ter um baixo interesse dos jovens em busca de um conceito acadêmico, seja midiaticamente ou para um objetivo de um sonho imediatista”, afirma Daniel Silveira, deputado federal pelo PSL. Ele ainda diz que nosso país deve valorizar mais o professor, pois ele bem estimulado terá uma capacidade maior de lecionar e desenvolver o aluno, levando-o ao interesse do aprendizado.

Reportagem: Bárbara Beatriz Camello, Beatriz Aguiar e Nestor Ahrends

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