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Raízes

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Reportagem: Beatriz Aguiar e Maria Luísa Martins

No mês da Consciência Negra, foi realizado pelo Diretório Acadêmico Roberto Cívita ESPM, na quinta-feira (7), um evento chamado “Raízes”. A palestra contou com a participação da mediadora e aluna Paula Amaral e os palestrantes: Gabriel Marinho, Luciana Vilaça e Sue Castro. O objetivo foi promover o debate sobre a disparidade racial no mundo do entretenimento buscando mostrar a importância da representatividade negra, além de abordar assuntos como estética e segurança pública.

A primeira questão levantada por eles foi a autoaceitação. Luciana Vilaça, de 19 anos, afirma que estudou em escola particular e sempre sofreu muito preconceito. “Desde criança, nunca me sentia muito representada”, diz. A modelo e blogueira desabafa sobre ter tido baixa autoestima e, consequentemente, depressão. No entanto, hoje ela dá palestras e é um exemplo de representatividade da mulher negra no mundo da moda. “Comecei a entrar mais nas redes sociais e seguir meninas negras. Elas me serviram de inspiração e hoje são minhas melhores amigas”, acrescenta.

A escritora e criadora do projeto “Luz negra”, Sue Castro, de 18 anos, também teve seu momento de autoaceitação. Ela conta que seu processo começou quando descobriu que o preconceito existia. “Eu me sentia culpada por ser negra e sofria mesmo. Por muito tempo, me martirizei por isso.” Portanto, Sue decidiu criar o projeto com o intuito de elevar a autoestima e buscar a valorização da mulher negra. Infelizmente, não funcionou como planejava, porém ela afirma que recebeu diversas mensagens de agradecimento.

A falta de representatividade negra sempre foi esteve presente, tanto no mundo acadêmico, quanto em cinematografias. Gabriel Marinho, professor no curso de Cinema e Audiovisual da ESPM-Rio, diz que praticamente não teve referências de homens e mulheres negros até seus 20 anos. “Existem acadêmicos incríveis como o Stuart Hall. Eu também admiro diretores como o haitiano Raoul Peck que eu descobri de forma tardia”. Além disso, Gabriel afirma que a representatividade negra no cinema, principalmente no Brasil, ainda é ruim, apesar de ter melhorias ao longo dos anos.

Os conflitos em relação ao cabelo também foram bastante citados pelos palestrantes. Luciana conta que em sua família, as mulheres tinham costume de alisar. Entretanto, quando tinha 12 anos sentiu o desejo de deixar o cabelo natural, o que acabou influenciando suas parentes. Há pouco tempo, ela decidiu raspar o cabelo gerando uma série de ataques racistas em suas redes sociais. “As pessoas começaram a me xingar apenas por eu ter raspado o meu cabelo”, diz.

Confira no vídeo as entrevistas feitas com os palestrantes.

Texto: Maria Luísa Martins

Edição: Beatriz Aguiar

 

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