O que se esconde atrás da bola
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Lúcio de Castro esteve presente, nesta terça-feira (9/10), na WeekUp, semana de diversas palestras e oficinas realizada na ESPM-Rio. O evento conta com profissionais de diferentes áreas e tem o intuito de trazer experiências e vivências acadêmicas para os alunos da faculdade. Lúcio é jornalista e formado em história. Trabalhou na ESPN por 12 anos, onde ficou nacionalmente reconhecido. Em 2016, lançou a Agência Sportlight, um site voltado para jornalismo investigativo e que hoje é seu principal meio para transmitir informações e opiniões.
Dentre outros direcionamentos da palestra, Lúcio de Castro falou bastante sobre seu principal campo de domínio: o jornalismo investigativo. Ele fez críticas severas a essa esfera da profissão no Brasil e diz que, apesar de diversas situações que causem espanto no país, não existe uma dedicação especial a essa área no esporte. “Nós estamos vendo escândalo atrás de escândalo desde o Pan-Americano de 2007. Depois disso, tiveram os Jogos Mundiais Militares em 2011, a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016. Bilhões de reais foram usados da maneira mais suja possível nesses eventos, e não se vê a formação de uma equipe de jornalismo investigativo para apurar isso tudo. É inacreditável”, disse o jornalista.
“Jornalismo investigativo não é caro, basta ter vontade de fazer”. Assim, deu início a um discurso de incentivo a esse âmbito do jornalismo e citou exemplos para provar a veracidade de sua fala. O primeiro foi de Giannina Segnini, uma jornalista costarriquense que ficou mundialmente conhecida após revelar dois escândalos políticos que levaram a julgamentos dois ex-presidentes da Costa Rica. O outro caso apontado por Lúcio é o do El Faro, um jornal de El Salvador que foi premiado por uma reportagem sobre a negociação de chefes de gangues com o governo salvadorenho, sobre a transferência de suas prisões de segurança máxima para seguranças mais baixas.
Possuir uma carreira renomada, repleta de premiações e com grandes matérias no currículo, talvez não seja o suficiente quando se está disposto a falar sempre o que pensa, ou descobrir segredos de poderosos e amigos de autoridades. Apesar de possuir todas essas características, Lúcio de Castro enfrentou diversos problemas com a imprensa e com os meios de comunicação que trabalhou. Entre outras histórias, contou sobre quando produziu uma matéria de grande e eficiente apuração e não pode ser publicada devido a interesses de relacionamento dos chefes dos veículos, e após a insistência na publicação, foi demitido. Devido a esses enfrentamentos, foi mandado embora de todos os canais de comunicação em que trabalhou, e hoje segue sua carreira de jornalista investigativo e independente.
Reportagem: Nestor Ahrends e Renan Adnet