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Maternidades: “Não ser mãe foi a minha escolha” – Anna Beatriz Durão

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Indo contra o paradigma de que as mulheres nasceram para ser mães, diversas delas estão decididas a seguirem suas vidas sem a responsabilidade de cuidar de uma outra pessoa. A última pesquisa do IBGE, realizada em 2010, apontou que 14% das brasileiras não têm planos de engravidar, 4% a mais do que a porcentagem apresentada na pesquisa anterior.

As razões para isso variam, mas as principais costumam ser incentivadas por fatores sociais, econômicos e psicológicos. “As pessoas tem que ter escolhas na vida, e não ser mãe é a minha”, conta a estudante de veterinária de 20 anos, Anna Beatriz Durão. Ela explica que, na faculdade, aprendeu que várias espécies têm aptidão materna, como a humana. Contudo, ela não se vê assim. “É uma missão. Você deixa de viver para você e passa a viver por outra pessoa. Eu não quero isso”.

Anna com um dos animais que cuida // Foto: Arquivo Pessoal

Anna entende a maternidade como uma decisão sobre a qual é preciso pensar muito. “Quando você escolhe ser mãe, tem que ter a consciência de que você nunca mais vai viver a  sua vida 100% pra você. Vai abrir mão das suas coisas, do seu tempo, do seu dinheiro, dos seus compromissos para o seu filho.”, explica. Apesar de não planejar ser mãe, a estudante sonha em um dia ser tia ou madrinha de alguma criança.

Muitas das mulheres que optam por não terem filhos ainda possuem a vontade de cuidar de outros seres. Uma delas é Giulia Curty. A estudante tem 18 anos, namora há cinco e planeja com o seu parceiro que não vai ter filhos, mas sim criar muitos animais. Apesar do apoio do namorado na decisão, ela conta que a família insiste no desejo de que eles tenham filhos. “As pessoas falam que eu vou mudar de opinião quando ficar mais velha, que é coisa de idade e que ainda preciso amadurecer. Ninguém aceita de primeira”.

Giulia com seu animal de estimação // Foto: Arquivo Pessoal

A principal justificativa para a crítica na decisão de mulheres jovens de optarem por não serem mães costuma vir atrelada à questão da idade. Nair Saar é um dos exemplos de mulheres que escolheram e não se arrependeram. Aos 70 anos, ela conta que, por ser professora, sempre gostou da ideia de cuidar dos seus alunos como filhos, mas que nunca teve vontade de ter o seu próprio. Ela ainda explica que a sociedade ver a mulher necessariamente como mãe é uma construção cultural, relacionada ao papel do sexo feminino antigamente: “As mulheres eram donas de casa e cuidavam dos filhos, não trabalhavam, isso foi se desenvolvendo até onde estamos hoje”.

Seguindo o mesmo pensamento, Carolina Martins, de 33 anos, concorda que, antigamente, era “quase uma regra” que mulheres fossem mães e donas de casa, mas diz que atualmente elas têm mais poder de escolha. “Algumas preferem ter filho mais tarde, outras nem querem ter, como eu. Hoje as pessoas estão um pouco mais livres sobre esses assuntos, podendo escolher o que querem para si”, diz a agente de locação bilíngue.

Fatores que surgem como justificativa para algumas mulheres que não desejam ter filhos, envolvem, algumas vezes, questões políticas. Carolina Freitas, estudante de 17 anos, conta que decidiu não ter filhos após ver como era cansativo para a mãe cuidar do irmão, de um ano. Questões externas como escolas ruins, gastos e a violência também a desmotivam muito. “Além dos fatores de não querer esse tipo de responsabilidade, tem as relações exteriores, como a economia e as atuais condições de vida”.

Reportagem: Bárbara Beatriz Camello e Diana Campos.