Mais do que futebol
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O futebol já foi visto muitas vezes como um instrumento de manipulação, mas atualmente pode ser considerado também um de conscientização. Nesta edição do campeonato brasileiro o engajamento dos clubes, como Bahia e Santos, nas questões sociais por meio das redes, e também de campanhas de marketing, vem se tornado recorrente. Exemplos disso são, as ações de dias dos pais, do orgulho LGBTQI+ e, recentemente, as de óleos vazados nas praias do Nordeste.
O jogo entre Vasco e São Paulo, pela 16ª rodada, foi paralisada pelo árbitro, Anderson Daronco, devido aos gritos homofóbicos da torcida cruz-maltina. A partida só foi retomada após Vanderlei Luxemburgo, técnico do carioca, e o locutor do estádio, pedirem para os torcedores pararem de proferir palavras de ódio. No dia seguinte, o Vasco fez uma nota lamentando ao ocorrido, pedindo desculpas e ainda repudiou o ato da torcida.
No final do mês de agosto foram encontradas manchas de óleo na Paraíba. De lá para cá, atingiram 282 localidades em 97 municípios de nove estados, segundo o Ibama. Aproveitando este acontecimento, os clubes nordestinos, Ceará e Bahia, se uniram na 27ª rodada do campeonato para protestar contra o derramamento que, ainda está, devastando o litoral nordestino. Os jogadores do clube cearense entraram em campo com luvas pretas. Já o tricolor baiano adotou manchas de óleo em sua camisa, que será leiloada e terá sua renda revertida para o trabalho de limpeza das praias.
Para o jornalista Aydano Motta, a crescente nas manifestações políticas-sociais dos clubes tem motivação das redes sociais. “Agora, mais recentemente com os adventos das redes sociais, e com determinadas demandas sociais chegando aos estádios de maneira tardia, alguns clubes se posicionam de maneira politicamente clara nessas atitudes. O maior deles no Brasil é o Bahia”.
Outras atitudes marcantes neste ano do Esporte Clube Bahia foram realizadas nos dias dos pais, e em setembro, quando fizeram uma ação contra a homofobia. No primeiro, o Bahia ofereceu exames de sangue para seus sócios-torcedores que não tinham o pai registrado em sua certidão de nascimento. Já no segundo, o clube colocou nas bandeirinhas de escanteio menção ao orgulho LGBTQI+.
Em sua conta no Twitter foi postado um vídeo e um texto, sendo uma das falas: “Não existem linhas que limitem o amor”. Além disso, o tricolor baiano tem planos de sócio-torcedor para pessoas menos favorecidas, para que elas não sejam excluídas do espetáculo que é feito no estádio.
O Santos Futebol Clube também tem se posicionado sobre. No dia 18 de outubro, o clube postou em suas redes sociais um comunicado. Nele, dizia para pessoas racistas, preconceituosos e xenófobo não comparecerem ao jogos do Santos, não ser sócio-torcedor e não usar os produtos do clube. Aydano não acha que se os clubes assumirem essa posição não terão problema com a torcida. “Eu acho em casos como esse não há riscos dos clubes, haveria se posicionarem politicamente a favor de candidaturas, mas na maioria das vezes os clubes se preservam em relação a isso”.
O Portal foi às ruas para saber a opinião dos torcedores sobre essa nova vertente do futebol. Confira no vídeo abaixo:
Matéria produzida por: Carolina Mie, Patrick Garrido, Pedro Cardoso
Vídeo: Carolina Mie e Pedro Cardoso