Do analógico ao digital: os desafios do jornalismo investigativo e de dados
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Reportagem de Matheus Gevaerd
“É difícil conceber hoje o jornalismo investigativo sem um suporte tecnológico”. A frase do jornalista Mauri König, um dos convidados da 4ª Semana de Jornalismo da ESPM Rio, ilustra com clareza a relação entre os dados e a investigação. A mesa sobre o tema fechará o evento e irá ocorrer dia 10 de novembro, de 11:30 às 13:30, no auditório da faculdade (Rua do Rosário, 90). Luiza Baptista, gerente de marca do site TechTudo, tambem estará presente para falar da atuação do jornalismo de dados e discutir os assuntos mais importantes sobre a matéria.
König presenciou as mudanças no jornalismo investigativo ao longo de mais de 27 anos de carreira e destacou que no começo teve que romper com o hábito de acreditar que apenas o texto seria suficiente para contar uma história. Além disso, o trabalho em equipe é fundamental nesse segmento do jornalismo, por ter uma grande apuração e demandar uma força-tarefa para a obtenção das informações. Sem contar que a pluralidade de pontos de vista interfere na qualidade da matéria e nas diferentes abordagens do assunto: “Se um jornalista sonha em salvar o mundo, é bom saber que sozinho não dará conta; em equipe ele terá alguma chance”, destaca Mauri.
Recursos como a RAC (Reportagem com Auxilio de Computador) e técnicas do jornalismo de dados permitem que a investigação se torne mais acessível: “Temos hoje mais informações em circulação e mais fontes disponíveis, o que favorece a investigação jornalística. As provas, antes tão difíceis, agora podem ser obtidas com celular ou micro câmeras do tamanho de um botão de camisa”, reforça König. Porém, a facilidade em obter novas ferramentas, permitiu a proliferação de novos comunicadores, que nem sempre tem o compromisso com a verdade, produzindo as chamadas Fake News. Com tantas opções, o leitor acaba ficando mais seletivo na escolha do veículo que irá obter informações: “O concorrente já não é só o colega do outro jornal, é o próprio leitor. Caberá ao jornalismo criar essas ilhas de excelência. Já temos uma boa quantidade delas, surgidas não por acaso graças às novas tecnologias”, destaca.
No entanto, os dados não são apenas meios para obter informações para uma matéria jornalística. Muitas vezes são a noticia em si, como no caso do site TechTudo, do Grupo Globo, que é voltado para o conteúdo de tecnologia. Estatísticas e enquetes sobre temas como utilização de emojis, custo de produtos e avaliações de aplicativos, são utilizadas com freqüência na plataforma. Luiza Baptista é gerente de marca do TechTudo e também estará presente na 4ª Semana de Jornalismo da ESPM Rio. Luiza é jornalista formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestre em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-graduada em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral.
Seu companheiro de evento, Mauri König, é o terceiro jornalista brasileiro mais premiado da história, segundo o ranking da revista digital Jornalistas&Cia, acumulando 38 prêmios em 27 anos de carreira. Formado em Letras e Jornalismo, com pós-graduação em Jornalismo Literário, já ganhou alguns dos principais prêmios brasileiros e internacionais, entre eles dois Esso, dois Embratel, dois Vladimir Herzog, um Global Shining Light e um Maria Moors Cabot, o mais antigo prêmio internacional no campo do Jornalismo. Publicou em 2008, o livro Narrativas de um correspondente de rua (Editora Pós-Escrito), finalista do Prêmio Jabuti. Na 4ª Semana de Jornalismo da Espm Rio, König irá lançar seu novo livro Nos bastidores do mundo invisível (Editora Cursiva), que reúne suas principais reportagens no período de 2000 a 2015.