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Desafios do ensino virtual nas favelas

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Desde o início da pandemia, muitas escolas adotaram o formato de aulas online, porém nem todas tiveram facilidade para se adaptar ao meio virtual. Os alunos da rede pública, pelo fato de vários não terem nem acesso a internet em casa, são os que mais sofrem com isso. Na Maré, o CPV-Ceasm (Curso Pré-Vestibular – Centro de Estudos e Ações solidárias da Maré) é um curso que existe desde 1998 e promove ensino para moradores da Maré que sonham em passar no vestibular. Luiz Lourenço é coordenador e professor de Geografia e conta sobre as dificuldades enfrentadas perante as provas. Confira no vídeo abaixo:

 

Segundo o educador, eles não tem uma plataforma fixa para dar as aulas pela dificuldade de acesso a internet de alunos e professores. “Nossos estudantes são da favela, a maioria não tem condição de providenciar uma rede wi-fi, e acessam o conteúdo através da rede de dados do celular. Isso dificulta a realização de encontros virtuais ao vivo ou lives por exemplo.” O coordenador acrescenta que até mesmo quando o conteúdo é passado por WhatsApp ou via um link do Youtube, muitos não conseguem ter acesso a certas aulas.

Por se tratar de um curso pré-vestibular, existem estudantes de diversas idades e diferentes realidades. Alguns têm que ajudar no sustento da família, o que limita o tempo de estudo. “Por conta desses fatores, nós abordamos diferentes maneiras de dialogar com todos. Tem sido difícil, são mais de 150 alunos e, infelizmente, nem sempre atingimos a maioria deles”, completa Luiz.

Auda Lúcia da Silva, 51, moradora da Maré, estuda no Ceasm há 3 anos e afirma que apesar da dificuldade de acesso ao conteúdo, os professores são dedicados. “Embora, as aulas online não superam o aprendizado presencial e as trocas que temos dentro e fora de sala”. Flávio Paixão,  professor de Biologia do projeto, afirma que o processo de adaptação é constante para todos eles. “Cada aluno tem sua correria, muitos têm outras responsabilidades. Procuro fazer vídeos para que todos possam ver o conteúdo de maneira condensada no momento adequado da sua rotina”, confirma o biólogo.

Apesar das dificuldades, Flávio diz que sua motivação é fazer com que eles construam seu conhecimento. “Nesses tempos pandêmicos onde o negacionismo à ciência está falando muito alto, é necessário fazê-los entender que a ciência está produzindo verdade a todo momento.”

 

Reportagem: Alberto Ghazale e Felipe Roza

Edição: Alberto Ghazale

Supervisores: Ana Júlia Oliveira, Carolina Mie, Matheus Pardellas e Patrick Garrido

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