A competitividade dos esportes atravessa os campos e quadras para a internet.
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Reportagem feita por Isabelle Xavier, Lucas Pires e Yuri Murta
O que começa como hobby, um sentimento de convicção na vitória de um determinado time, torna-se, para alguns, uma forma de obter lucro. Segundo um estudo desenvolvido pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), no Brasil, as apostas virtuais de esportes movimentam aproximadamente R$ 2 bilhões, apesar das leis brasileiras limitarem essa prática.
De acordo com a legislação, é permitido apenas apostas em empresas ou serviços autorizados pelo governo. Entre os exemplos mais comuns, as casas lotéricas, hipódromos. Já de maneira ilegal, a lei proíbe estabelecer ou explorar jogos de azar em lugares públicos. O melhor exemplo são as casas particulares.
Raul Moreira começou a acompanhar as apostas virtuais em 2015 por meio dos amigos, mas só se cadastrou em 2016, quando completou 18 anos. Nesse momento, ele viu a oportunidade de transformar o hobby em dinheiro e assim, apostou pela primeira vez. “Se você souber jogar, você consegue fazer isso ser divertido e lucrativo. Já tive momentos de ansiedade, querer ganhar mais. Eu não sou de jogar tudo o que tenho. Quando tenho R$ 50, eu jogo R$ 20 ou R$ 30 para ter um lucro, pequeno que seja, tem que jogar no meio termo. Eu sei a hora de parar e de arriscar também. Respeito a instituição, meu dinheiro e o mundo da aposta.”
Assim como alguns podem dar a sorte de apostar e ganhar, existem também aqueles que arriscaram e perderam tudo. Leonardo Terra, assim como Raul, conheceu o mundo das apostas por um amigo. O que ele não imaginava era acumular uma dívida de R$ 11 mil no banco. “Sempre que você tenta recuperar, você acaba perdendo mais e foi o que aconteceu comigo. Eu tentei voltar para recuperar e perdi mais ainda, jogava o que eu não tinha. Na época, peguei empréstimo com o banco para cobrir e tentar continuar jogando.”
Leonardo começou a notar o vício quando passou a depositar R$ 500 por semana nas casas de apostas, até chegar ao valor máximo de R$ 700. Entretanto, a situação desandou quando todo o dinheiro investido não estava retornando e gerando prejuízo por conta das derrotas. “Eu achava que vício era uma “parada” boba, que amanhã ia largar, que nunca ia ficar viciado em jogo. Eu estava acordando 7 horas da manhã num sábado para ver jogo do Japão e da China. Foi aí que eu vi que eu estava muito viciado, que não conseguia passar um dia sem jogar.”
Para o trader esportivo Fábio Bump, conhecido como Nettuno, as apostas esportivas vem crescendo no país: “Hoje é difícil você assistir um jogo e no intervalo não ter uma propaganda de um site de apostas. Mas o público ainda é muito amador e vai perder dinheiro a longo prazo. Não tem tantos casos iguais aos de perdas, mas também tem pessoas que criaram uma pequena fortuna.”
A carreira como trader começou em uma página no facebook e, por conta do sucesso, Fábio criou um canal no YouTube, que atualmente possui mais de 26 mil inscritos. “Falando de trader esportivo, o grande benefício que se tem é você ter liberdade geográfica. Semana passada eu estive em São Paulo, depois estive no Espírito Santo e agora estou em casa. Em todos os lugares eu exerci minha função da mesma forma. Além da questão financeira, que é consequência de um trabalho de anos.”
Para Fábio, o lado positivo das apostas virtuais é tentar enxergar sempre como uma diversão. Apesar de tantos profissionais presentes nesse meio, o intuito é voltado para o entretenimento dentro do esporte e, se não tiver cautela, pode se tornar um vício e gerar problemas maiores.