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A implosão da América Latina

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A instabilidade vem se instaurando pelo continente sul-americano, questões econômicas e políticas têm gerado atrito entre os partidos e a população nos mais diversos países. Conflitos entre ideologias contrárias, como da Bolívia e do Uruguai, e similares, como no Peru, tem abalado o dia a dia dos territórios.

No Chile, protestos e greves são alguns dos fatores preocupantes para o governo atual. Na sexta-feira (18), a população respondeu negativamente ao aumento da tarifa do transporte público em 30 pesos chilenos (R$ 0,17). Entretanto, as manifestações começaram a crescer e se transformaram em críticas sobre outras políticas públicas, como saúde, desigualdade e sistema de aposentadoria.  O povo diz que o motivo de irem às ruas é pelos últimos 30 anos de governo e ainda alegam que se sentem desrespeitados por um modelo econômico que não garante uma sociedade justa, visto que privatizações foram a solução para muitas demandas sociais.

Quando perguntado sobre a união dos países sul-americanos, o professor de geografia, Agni Hevea, acredita que o Chile se afasta dos países envolvidos politicamente com o Cone Sul, buscando mais respaldo e acordo com países norte americanos e europeus. “O Chile nunca se sentiu parte da América Latina. Acordos como APEC (bloco que busca cooperação econômica entre países da ásia e do pacífico) faz o Chile se aproximar muito mais de países como Japão e de países da União Européia do que com os países do Mercosul” acrescenta Agni.

Em julho, foi desencadeada a crise política e econômica no Paraguai após um documento assinado com o Brasil vir à tona. Nele estava um comprometimento do governo paraguaio em pagar um valor maior na compra de energia hidrelétrica proveniente da Usina de Itaipu, que pertence aos dois países. Após isso vir a público, o presidente Mário Abdo, do Partido Colorado, que tem tendência conservadora e nacionalista, teve o cargo ameaçado, enquanto altos funcionários de seu governo caíram. A população já foi às ruas para protestar contra o atual governo, além de pronunciamentos da oposição, como a Frente Guasú, que é uma coalizão de partidos de esquerda e centro-esquerda.

A questão do Peru difere das demais. O que está ocorrendo lá desde 2016 é uma crise constitucional, entre o Executivo e o Legislativo, que resultou no fechamento do Congresso em setembro deste ano pelo presidente Martín Vizcarra, do partido Peruanos Por el Kambio, que é de centro-direita. Um dos motivos foi os congressistas serem, em sua maioria, fujimoristas, que mesmo sendo também de direita, é oposição ao atual governo. 

Os outros países sul-americanos também têm passado por crises.  Na Argentina o aumento da pobreza, a austeridade e disputa eleitoral tem impactado na sociedade argentina. No caso do Uruguai, a origem foram as demissões de comandantes do exército e a disputa editorial. A Venezuela e o Brasil tem sofrido crise política e econômica, além do primeiro estar sofrendo também humanitária e o segundo ambiental. Por fim, no Equador acontecem protestos contra os reajustes econômicos e na Colômbia, a popularidade do governo tem caído e a fronteira com a Venezuela tem gerado problemas.

A crise econômica e política nos países da América do Sul é encarado com naturalidade pelo economista João Guedes. Para ele, o avanço das mídias sociais na vida das pessoas aumentou a divergência nas visões de mundo que diversos grupos da sociedade possuem, tornando-os mais distantes. “Essa situação gerou mais capacidade de rupturas sociais, reduzindo o poder de órgãos como os meios de comunicação convencionais”.

Para o cientista político e professor da Universidade Federal Fluminense, Luís Falcão, os problemas internos dos países impactam mais em suas crises. “A tensão interna dos países, principalmente nos últimos cinco anos, vem crescendo, e elas têm sido maiores que as externas”. Ele ainda completa falando que os problemas externos são quase sempre decorrentes das questões internas. “As relações que durante muitos anos, pelo menos desde o fim das ditaduras latino americanas para cá, foram bastantes cordiais, de cooperação, que já era herança da ditadura dos períodos da ditadura”, completou.

Matéria produzida por: Carol Mie, Patrick Garrido e Pedro Cardoso

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