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Os jovens investidores e a crise econômica

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Os últimos anos foram marcados por um aumento significativo no número de investidores no mercado de ações brasileiro. Segundo o quadro de investidores disponibilizado pela B3 (Brasil Bolsa Balcão), o número de CPFs cadastrados teve um aumento de mais de um milhão entre os anos 2018 e 2020. Entre os novos usuários, uma grande parcela é de jovens, que estão demonstrando interesse na bolsa cada vez mais. Contudo, a pandemia do COVID-19 fez com que o mercado de ações entrasse em uma queda histórica, de quase 50% no valor dos títulos, em apenas algumas semanas. E, isso, para os novos aplicadores trouxe angústia e apreensão.   

 

Muitos desses jovens começaram a investir devido a influência de familiares, produtores de conteúdo e do momento econômico que vinha em crescente. A mestra em Economia, Vivian de Almeida, explica que o aumento do interesse em investir na bolsa se trata de alguns fatores. Ela conta que este crescimento se dá, em parte, pela maior quantidade de informação e facilidade na acessibilidade, garantindo que as pessoas possam buscar alguma maneira mais segura e confiante para aplicar.  Além disso, a professora diz que, antigamente, existia uma taxa básica de juros muito alta, fazendo com que as aplicações em título de renda fixa fossem mais atrativos. “A diminuição da taxa de juros, tende para a renda variável, que em grande medida está relacionada a investimentos na bolsa”, explica a economista.

A produtora de conteúdo sobre finanças e investimentos, Marina Vaz de Castro, fala que na sua opinião, a crise das ações não era prevista. “O coronavírus e a desvalorização do petróleo foram adversidades”, explica. Além disso, ela fala que a medida a ser tomada durante o período de contingência é agir com cautela.  “É um bom momento para verificarmos a adequação do nosso perfil de investidor, entender que de fato o mercado de ações é volátil”, completa. 

No entanto, para o economista Igor Venancio, o colapso da bolsa de valores já era previsto. O analista reforça a ideia da popularização do mundo de investimentos e diz acreditar que uma possível correção estava por vir, devido ao longo período com  recordes de alta nos mercados estrangeiros. Ele fala também sobre a popularização das compras e vendas de ativos e que isso dá origem à uma espécie de efeito manada. O economista explica que o efeito manada é “quando muita gente começa a agir irracionalmente, baseado em sentimentalismo e não na razão. Por isso, acaba seguindo o que a maioria das pessoas faz”.

Alguns investidores mais experientes não seguiram o efeito manada descrito por Venancio, como o operador da Bolsa de Valores, Daniel Oliveira, de 29 anos. Ele conta que apesar de estar apreensivo, por estar passando pela pior crise que já enfrentou, manteve a calma. “Como sei dos riscos e invisto sempre com ativos de proteção, fiquei tranquilo e tentei aproveitar algumas oportunidades que essas grandes quedas das bolsas geraram”, comenta o operador. 

Por outro lado, o universitário Pedro Henrique, de 18 anos, explica que essa é a primeira vez que presenciava uma crise, já que começou a aplicar assim que completou a maioridade. “No início bate um certo desespero, um nervosismo, uma afobação”. Apesar disso, ele reconhece os riscos e diz que agora só lhe resta esperar.  “É uma situação triste, te deixa pra baixo e desmotivado”, completa o estudante. 

 

Reportagem por: Ana Julia Oliveira e Lucas Geia

Infográfico por: Ana Julia Oliveira

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