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Brasil: O país de muitos esportes

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O número de pessoas não sedentárias no Brasil corresponde a pouco mais da metade da população. Segundo dados de uma pesquisa feita pelo governo brasileiro, 54,1% fazem algum exercício físico, sendo 25,6% praticantes de alguma atividade desportiva. Várias pessoas tentam se profissionalizar, passando a viver do esporte. Entretanto, a falta de patrocínio dificulta a vida de muitos atletas, principalmente daqueles que praticam esportes além do futebol. 

A paixão da atleta olímpica Maria Clara Lobo pelo nado artístico começou cedo, com influência de sua avó. Apesar de ser destaque no esporte, ela sente que ainda há uma certa descredibilização de sua profissão. Isso, aliado à falta de investimentos, faz com que vários atletas desistam da trajetória no esporte. “Aqui no Brasil, a gente não tem um investimento bom [em outros esportes], logo, muitos atletas se perdem no meio do caminho, pois não conseguem se manter”, destaca Maria Clara.

Além disso, a falta de visibilidade também é um fator que desmotiva os esportistas. A sensação é que sua dedicação não é tão valorizada quanto a dos ligados ao futebol, por exemplo. “A gente quer que o esporte cresça com a devida valorização e notoriedade. É difícil ver sua luta diária não sendo tão reconhecida como você gostaria”, afirma a nadadora artística.

Por outro lado, Gustavo Lopes de 21 anos não é atleta, mas possui um amor pelo basquete e, desde 2013, acompanha a prática desportiva. Ele conta que passou a gostar do esporte depois de ter sido apresentado por amigos e, no início, só conhecia o NBA (National Basketball Association) – competição internacional – e, apenas depois de algum tempo acompanhando, tomou conhecimento sobre a NBB (Novo Basquete Brasil) – competição nacional. “Obviamente que, nesse início, era tudo mais ligado à NBA, por ser uma competição internacional conhecida no mundo inteiro”, completa.

Ele ainda afirma que, apesar de estar crescendo o conhecimento acerca do esporte, ainda há falta de visibilidade no país. Isso ocorre pela escassa  transmissão em rede aberta para o público, diferente do que ocorre com a NBA, que vários canais transmitem seus jogos. “Você acaba tendo um maior leque de opções para acompanhar os jogos estrangeiros. Já com o NBB, não acontece a mesma coisa, visto a escassez de transmissões e a necessidade de assinaturas para acompanhar as partidas”, diz Gustavo.

O lutador profissional e professor de Muay Thai Pedro Novaes aponta que, por causa do MMA, o conhecimento e o interesse do público vêm crescendo pelas lutas marciais. Entretanto, o futebol ainda é o foco do brasileiro quando se trata de esporte. Ele acredita que seja algo cultural, mas também evidencia que falta incentivo para buscar outras atividades desportivas desde a infância. “Falta nas escolas, desde o começo, a pessoa enxergar no que ela é boa, qual a aptidão que ela tem”, coloca Pedro. 

A escassez de patrocínio de muitos esportes inviabiliza a profissionalização do atleta. É extremamente difícil se sustentar dessa forma, o que faz com que cada vez menos pessoas se interessem por atividades diferentes das já conhecidas. Segundo o lutador e professor, a falta de incentivo financeiro, aliada à falta de uma estrutura com ligas e federações, faz com que muitos esportistas continuem a treinar de forma amadora. “Você faz só porque você ama e, se quiser se profissionalizar, precisa ir para outro país”, acrescenta.

O Brasil tem pessoas de diferentes perfis, com múltiplas habilidades, podendo ser destaque em diversas modalidades. O que falta é um olhar que valorize outros atletas, além dos futebolistas, que lutam tanto por um espaço e dedicam suas vidas a isso.

Reportagem: João Manoel Morais | Júlia Araujo | Vivian Valente

Supervisão: Camila Hucs | Juliana Ribeiro