Crítica: Música
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“Música” é o novo filme da Prime Vídeo, voltado para a cultura brasileiro-americana. Os protagonistas são interpretados por Camila Mendes e Rudy Mancuso, criador do longa. A narrativa envolve as questões da vida de Rudy, que interpreta a si mesmo, tentando equilibrar duas paixões: a sua família e a carreira musical. A todo momento, barulhos e sons de fundo se transformam em música, que representam como Rudy vê o mundo. É um musical diferente do comum, inspirado pelos ritmos brasileiros e muito descontraído.
A história começa com Rudy em dúvida sobre seu futuro e com o término de sua namorada de 4 anos, Haley. Perdido, ele acaba conhecendo Isabella, também filha de brasileiros e muito diferente de Haley. O triângulo amoroso entre Rudy e suas duas possíveis parceiras tem uma dinâmica curiosa. O personagem se vê preso às duas mulheres e indeciso sobre seu futuro e escolhas. Ele e Isabella tem muito em comum, como as origens brasileiras e o bairro que cresceram. A narrativa fica entediante em alguns momentos, mas é acelerada quando Rudy é baleado. Nesse momento, quem fica ao seu lado é Isabella, que o leva para o hospital e o acompanha em sua recuperação. O romance é construído aos poucos, mas demonstra potencial desde o início. A relação de Rudy e Haley, por outro lado, é mais confusa. Os dois personagens são diferentes, e não conseguem compreender um ao outro. Ela tem família americana, ao contrário dele e de Isabella, que é usada para levantar questões de imigrantes no país. O debate é levantado de forma leve, mas se mantém fiel à realidade.
O final é deixado em aberto, e a última cena fica para interpretação do espectador. É um filme animado, um pouco maçante em alguns momentos, mas que leva a cultura brasileira às telas americanas com muito humor e música. A representatividade do filme é incrível e ver a cultura brasileira fora do país ser tão bem retratada é o ponto mais forte do longa. Apesar da narrativa fraca, as atuações deram vida ao filme. Os atores passam toda a história alternando entre português e inglês, protagonizando uma representação fiel da vida de imigrantes e seus descendentes. No geral, foi uma excelente estreia da direção de Rudy Mancuso, que com certeza continuará a produzir e atuar em mais longa-metragens.
Crítica: Julia Novaes
Supervisão: Davi Rosenail e Joana Braga