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Paraty investe mais de 60 milhões em uma ciclovia no período pós pandêmico

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68% das obras de ciclovia no Estado do Rio nesse período ocorreram na cidade.

Nos últimos dois anos, o Estado do Rio de Janeiro investiu 95 milhões de reais em ciclovias. No total, foram 32 obras em 7 cidades. Quase 70% desse investimento foi em Paraty, numa ciclovia localizada na RJ-165, próxima ao Parque Nacional da Serra da Bocaina, com extensão de 11,46 km. A cidade foi declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco e é destino de cerca de 2000 turistas por ano. 

Durante a pandemia, o uso da bicicleta foi incentivado pela OMS como uma forma de prevenir a COVID-19. Por garantir a locomoção e a prática de esporte sem contato físico, muitas pessoas adotaram essa prática. De acordo com a Aliança Bike, houve um aumento de 118% nas vendas de bicicletas desde 2019 no país. O Estado do Rio de Janeiro tem investido em adaptações para promover esse estilo de vida, mas nem todas as cidades foram foco desse investimento. 

Gabriela Doscher, moradora de Niterói, conta que o planejamento da cidade não foi pensado para a utilização de bicicletas. “Não há delimitações físicas, só uma faixa pintada no chão. Isso deixa os ciclistas muito rentes aos carros. Acho bem perigoso”, afirma. Gabriela também aponta que não existe uma estrutura que interligue as regiões da cidade, o que impede o uso da bicicleta para viagens mais longas. “Queria que Niterói tivesse recebido parte do investimento para ciclovias no Estado do Rio”, finaliza.

Em 2021, quando começaram as obras  entre o trevo de Paraty e o bairro Ponte Branca, foram investidos cerca de 24 milhões de reais na ciclovia. As intervenções nesse local estão sendo realizadas pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ) e pela Secretaria de Obras do Município. Foram feitas dez obras ao decorrer do ano. 

Já em 2022, foram realizadas cinco obras, com um investimento de aproximadamente 37 milhões de reais na ciclovia. Esse é o segundo projeto de revitalização na história da RJ-165. O primeiro teve início em 2013 e foi finalizado em 2016. Em maio deste ano, Cláudio Castro, governador reeleito do Rio de Janeiro, fez uma visita ao local e entregou a primeira fase do trecho da rodovia. Porém, as obras ainda não foram finalizadas.

Esses investimentos são direcionados pelo Estado do Rio e a rodovia da obra é administrada pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ). O DER e a Secretaria de Obras do Município não se pronunciaram sobre o motivo do direcionamento de R$60 milhões de reais para a obra, a consequência disso para o Estado e a falta de investimentos em outras cidades, como Niterói.

Queixas sobre a situação atual da ciclovia são comuns entre os residentes de Paraty. Maria Kirstenn, moradora da região, afirmou que as obras não agregaram para a estrada. “A ciclovia não está boa, o espaço para a bicicleta passar é muito estreito, praticamente rente aos carros. A estrada estava muito melhor antes das obras”, afirmou. 

Enquanto isso, Alexandre Kiko, também morador da cidade, ressaltou a falta de planejamento na ciclovia. “Essa obra deveria ter sido melhor planejada. A estrada serve como rota de fuga em caso de acidente na usina de Angra dos Reis. A pista é muito apertada e não tem ciclovia em todos os trechos. A ausência de acostamento também é um problema na RJ-165, pois os carros não têm para onde ir em caso de colisão ou falha mecânica”, declarou.

Nesse período de dois anos, Paraty liderou os investimentos em ciclovias no Estado do Rio de Janeiro. Armação dos Búzios está posicionada em segundo, com dez obras a menos do que a cidade fluminense e aproximadamente 10 milhões de reais investidos. Além disso, Volta Redonda teve quatro obras e Mangaratiba, três. Outras cidades ficaram abaixo desses números.

Mesmo com o investimento muito menor, as obras de ciclovias em Búzios foram elogiadas. O administrador da página Ciclovia em Búzios afirmou que esses investimentos na cidade melhoraram as condições dos ciclistas, e que espera mais obras de ciclovias no futuro. As obras em Volta Redonda custaram cerca de R$9 milhões, enquanto as de Mangaratiba saíram por volta de R$2 milhões, com o projeto do município de revitalização da orla do Centro.

Reportagem: Clara Glitz e Gabriel Rechenioti

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