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Epidemia de dengue liga alerta no Rio: governo do estado inicia ações de prevenção e combate à doença

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O governo do Rio de Janeiro decretou, na última quarta-feira (21), uma epidemia de dengue no estado. De acordo com o Monitora-RJ, foram confirmados 71.593 casos da infecção viral no estado neste começo de ano. Os dados preliminares preocupam o poder público, o que motivou ações de conscientização, assim como a primeira campanha de vacinação contra a dengue na história do país. Os casos confirmados da doença até agora representam um crescimento de 39% das incidências notificadas em relação a todo o ano de 2023 (51.479). 

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Dr. Alberto Chebabo, o aumento do número de casos em toda a região fluminense tem causas multifatoriais. O infectologista cita o relaxamento nas ações de vigilância e controle dos focos de proliferação do mosquito transmissor, assim como o impacto do aquecimento global e as consequências fruto das mudanças climáticas. 

“Com o aumento da temperatura e a alteração das condições climáticas em regiões de clima temperado para condições mais tropicais, houve uma expansão na área de atuação do Aedes aegypti, que se adaptou melhor nessas regiões, facilitando a transmissão da doença”, defende o Dr. Chebabo.

A fim de combater a epidemia, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) antecipou, nesta terça-feira (27), a vacinação contra a dengue para crianças de 11 anos. O governo estadual do Rio de Janeiro, que já havia confirmado o recebimento do primeiro lote de vacinas Qdenga com mais de 230 mil doses, começou a disponibilizar o imunizante ao grupo de 10 anos em cidades como Japeri, Nova Iguaçu, Duque de Caxias e Seropédica desde a última sexta-feira (23). Nesta semana, outras sete cidades da Baixada Fluminense também deram início à vacinação, são elas: Magé, Mesquita, Nilópolis, São João de Meriti, Itaguaí, Belford Roxo e Queimados. 

O objetivo inicial é distribuir a vacina para os municípios mais atingidos pela doença. A escolha por iniciar a campanha de vacinação com crianças de 10 e 14 anos foi baseada no fato de que este grupo registra o maior número de internações vítimas da dengue. A escolha também estaria alinhada com os conselhos representantes dos secretários de saúde estaduais e municipais, pelas recomendações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) e da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A doutora com PhD em Epidemiologia pela Universidade de Michigan, Maria da Conceição Pereira, comentou sobre a escolha de introduzir a vacina em apenas um grupo populacional: “Quando não se tem disponibilidade para todos, há necessidade de estabelecer prioridades. A grande preocupação é uma segunda contaminação por dengue e, de acordo com estudos, esta faixa etária seria a mais suscetível.” O grupo selecionado já pode receber a vacina em todas as 238 unidades de Atenção Primária do município, além do Super Centro Carioca de Vacinação de Botafogo e de Campo Grande, que funcionam diariamente. 

O estado do Rio também participa da mobilização nacional contra a dengue. A iniciativa é do Programa Saúde nas Escolas (PSE), programa administrado pelos Ministérios da Saúde e Educação, e propõe orientar 25 milhões de estudantes em mais de 102 mil instituições públicas de ensino, sendo 4.826 no estado do Rio de Janeiro. O objetivo é transformar os alunos em “agentes de saúde” nas escolas e aumentar sua capacidade de vigilância dentro da própria casa. 

No âmbito municipal, O PSE Carioca ainda promove, desde o dia 22 de fevereiro, a Semana Mobilizadora de Combate às Arboviroses em 1.613 escolas da rede pública. A campanha, que se estende até o dia 1° de março, visa educar os alunos sobre a epidemia da dengue através de gincanas, rodas de conversa com profissionais da saúde e oficinas criativas para elaboração de materiais informativos.

Durante a semana, o CIEP Presidente Tancredo Neves, localizado no bairro do Catete, recebeu materiais e orientações pedagógicas da Secretaria Municipal de Educação. De acordo com a diretora-geral Deise Carla Araújo, os trabalhos de conscientização contam com a participação de alunos de todas as turmas, desde a educação infantil até o 6° ano do fundamental. “A gente tem um laboratório onde eles fazem pesquisas sobre o mosquito, sobre a dengue. Eles compartilham quando algum familiar fica doente ou alguma situação do local onde moram. Eles trazem isso para a escola, e a gente transforma em aprendizado”

Material desenvolvido e enviado para as escolas pela Secretaria Municipal de Saúde / Foto: Divulgação

Para Renata Carneiro Moura, diretora-adjunta, o plano municipal é essencial para a multiplicação de informações sobre a prevenção: “O que eles aprendem aqui, é levado para casa. Uma criança consegue ensinar os responsáveis, um pai que talvez não tenha essa consciência. É um trabalho de multiplicação”.

Apesar do recente trabalho de conscientização realizado pelo poder público, o combate à epidemia de dengue também depende de uma educação contínua a respeito da limpeza e do saneamento básico. O Ministério da Saúde estabelece que a população deve adotar técnicas de prevenção além do uso de repelentes em áreas externas. A instalação de telas nas janelas e a retirada do acúmulo de água parada são algumas das medidas recomendadas.

Foto de capa: Edu Kapps / Prefeitura do Rio

Reportagem: Alexandre Hid, Duda Reis, Pedro Henrique Mello e Vinicius Nunes

Supervisão: Davi Rosenail e Joana Braga

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