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Dia Nacional de Combate ao Fumo: as consequência dos cigarros eletrônicos

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A data 29/08 é marcada como dia nacional do combate ao fumo, instituída pela Lei nº 7.488/1.986. O dia tem como objetivo reforçar e conscientizar sobre os danos sociais causados pelo uso do tabaco, além dos riscos à saúde que podem acarretar aos usuários. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o tabagismo como uma doença que causa dependência da droga nicotina, presente em cigarros tradicionais, charutos, cachimbos e cigarros eletrônicos ou em rolos. 

O Brasil tem posição de destaque entre os países que implementam ações governamentais de sucesso para a redução do consumo de tabaco. Os dados mais recentes, que são da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, mostram que o total de adultos fumantes no país é de 12,6%. Apesar disso, uma das principais causas de morte no país, o câncer de pulmão, é causado pelo tabagismo em 80% dos casos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).

O que mais tem preocupado especialistas é o aumento do uso de cigarro eletrônico, principalmente entre pessoas mais jovens. Apesar da venda ser proibida,  um levantamento recente do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) aponta que 2,2 milhões de adultos (1,4%) afirmaram ter consumido os dispositivos eletrônicos para fumar até 30 dias antes da pesquisa. No primeiro ano do levantamento feito pelo Ipec, em 2018, o índice era de 0,3% entre a população, com menos de 500 mil consumidores.

Segundo o pneumologista pediátrico Luiz Felipe Chicri, o uso do cigarro eletrônico pode ser tão prejudicial quanto o cigarro comum, pois são produtos de consumo banidos em mais de 40 países, entre eles, o Brasil, e que fornecem nicotina inalada além de outras quase 2 mil substâncias. Já foram identificados compostos tóxicos, irritantes e até carcinogênicos, muitos deles não especificados pelos fabricantes. O médico afirma que não existe “cigarro bom”, a melhor medida para os pulmões é não fumar, e caso já seja fumante, tentar parar o quanto antes. 

Descoberta recentemente, uma das consequências causadas por esses diluentes é a doença pulmonar chamada EVALI (sigla em inglês para lesão pulmonar induzida pelo cigarro eletrônico), uma condição que surge especificamente pelo dispositivo usado pelos cigarros eletrônicos e vapes. Essa enfermidade provoca um tipo de reação inflamatória que pode causar fibrose pulmonar, pneumonia e até mesmo insuficiência respiratória, sendo um dos principais motivos da proibição da venda desses aparelhos.

O estudante de economia Gabriel Cavarsan, de 20 anos, relata ter começado a usar o cigarro eletrônico aos 16 anos em uma festa, com intuito de baixar a pressão, e aos poucos tornou-se um hábito. Eu tinha vontade de usar toda hora, mas creio que era mais pela mecânica de fumar, de estar sempre soltando fumaça, sentir o gosto do que propriamente por esse primeiro efeito que era de abaixar a pressão, até porque depois de um, dois anos já não abaixava a pressão quase nada.” – relata.

Gabriel fez o uso do dispositivo por quatro anos diariamente, e quando passou a sentir os sintomas, os ignorou. “Meu problema de saúde começou em uma segunda-feira. Tive pontada no pulmão, dificuldade de respirar, cansaço. Eu ignorei todos os sintomas, continuei fazendo uso de cigarro eletrônico e do cigarro normal. Fui para uma festa na sexta-feira e passei mal, quase não consegui respirar. Fui ao hospital com setenta por cento de oxigenação e fiquei internado por dez dias tomando antibiótico, fazendo fisioterapia, tomando corticoide”

O caso do Gabriel é um entre muitos registrados nos últimos anos. É nítido que houve um aumento do número de jovens usando os cigarros eletrônicos, o que é preocupante! Vê-se até jovens entre 13-17 anos fazendo uso deste dispositivo.relatou o pneumologista pediátrico. O novo hábito pode ser alarmante o suficiente para reverter décadas de ações políticas e sociais do controle do tabagismo e deve ser cada vez mais debatido.

 

Reportagem: Agnes Todesco e Júlia Portes

Supervisão: Júlia Vianna e Luciana Campos

 

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