Carnaval de Outono
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O aumento de casos da variante do Covid-19, Ômicron, ocasionou no adiamento do Carnaval no Rio de Janeiro. A folia é um dos eventos mais importantes economicamente no país e movimenta cerca de 4 milhões na economia do Rio De Janeiro, segundo dados do relatório do Carnaval de Dados. O feriado, que agora será comemorado em abril com os desfiles das escolas de samba na Sapucaí, marcará a volta da festa após dois anos de pandemia.
Apesar da autorização à volta dos desfiles, o prefeito Eduardo Paes anunciou o cancelamento do Carnaval de rua, em Janeiro de 2022, durante uma live em seu canal do YouTube. “Tivemos a reunião hoje com o pessoal dos blocos e comunicamos a eles que o Carnaval de rua, nos moldes até 2020, que já não havia acontecido em 2021, não poderá acontecer este ano. Tendo em vista os dados epidemiológicos que temos e que poderemos ter, vimos que seria muito difícil fazer o Carnaval de rua”, declarou Paes.
O cancelamento do Carnaval de rua acarretou no aumento na procura por eventos privados, contando com mais de 80 festas fechadas. Blocos de rua famosos como o Sai hétero, Multibloco, Bloco da Pocah e Bloco da Anitta, foram privatizados e transformados em grandes festas caras, com ingressos acima de 50 reais.
Muitos defenderam e até preferiram a privatização dos blocos, por ter um maior controle das pessoas que frequentam e ser obrigatória a apresentação do comprovante de vacinação com pelo menos as duas doses, como fala o jornalista Arleson Rezende: “A maioria das pessoas que participam, estão vacinadas, a grande maioria com a terceira dose da vacina, tomando os devidos cuidados porque ainda estamos atravessando uma pandemia, que ainda não acabou e não vai acabar nem tão cedo.”
O assunto gerou debates sobre a privatização do Carnaval de rua do Rio e a falta de coerência da prefeitura em permitir festas privadas em espaços fechados e sem restrição de público, em que lotações são tão prováveis quanto em espaços abertos. Além disso, a maioria dos eventos eram pagos, com ingressos a partir de 40 reais, o que levanta uma questão importante sobre a acessibilidade no Carnaval. É o que comenta Natan Oliveira, integrante do bloco Agytoê: “Com somente eventos fechados haviam sido divulgados para o público, o Carnaval de 2022 foi ainda mais elitista.”
Na avenida, as preparações já aconteciam desde maio de 2021, como conta Bárbara Cordolino, de 22 anos, passista da Império Serrano: “Comecei a frequentar projetos nas quadras de escola de samba que tinham aula de samba no pé dada pelos próprios diretores de ala”. Apesar dos investimentos privados nos desfiles, muitas organizações passaram por dificuldades e tiveram que se adaptar para continuar ensaiando, com campanhas de doações através de lives para garantir ajuda às pessoas da comunidade.
Depois de muito tempo ensaiando, investindo e se preparando, a Sapucaí está perto de acontecer. O evento será nos dias 20 e 21 de abril com a série de ouro, dia 22 e 23 é o dia dos grupos especiais e dia 30 encerra com o desfile das campeãs. Sem dúvidas o Carnaval deste ano será um momento especial após as dificuldades que o país vive desde o começo da pandemia e, sobre isso, Bárbara relembra “A gente volta celebrando a vida e sempre lembrando daqueles que se foram nessa pandemia”.
Matéria produzida por: Isys Bueno, Maria Clara Torres e Beatriz Mattos
Revisão por: Brenda Barros e Lucas Guimarães
Crédito da imagem de título: Fernando Grilli/Riotur