Apagão das redes: o que aconteceu com os empreendedores digitais
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Na última segunda-feira, os aplicativos Facebook, Instagram e WhatsApp saíram do ar por mais de seis horas em todos os países. Em declarações publicadas posteriormente nas próprias redes, anunciaram que o problema foi causado devido a uma manutenção na plataforma. Essas ferramentas fazem parte do grupo de aplicativos mais usados no mundo. Segundo a Forbes, o WhatsApp já possui mais de dois bilhões de usuários. Além do objetivo principal, que é a socialização, as redes sociais têm servido como meio de vendas para muitos usuários.
Como forma de facilitar esse comércio, o WhatsApp, em 2018, criou uma nova versão, o WhatsApp Business, no qual o proprietário pode estabelecer respostas automáticas e adicionar informações sobre seus produtos, cardápios e localização em seu perfil. O Facebook e o Instagram também são usados com esse intuito, e o contato pode ser feito por meio de mensagens diretas ao vendedor. Essas duas plataformas ainda possuem um diferencial; nelas existe a possibilidade de postagem de fotos, gravação de vídeos, entre outras características únicas.
Por isso, a queda dessas redes afetou bastante as vendas on-line. Ágatha Macelano, assistente de estilo no grupo Agilità e que tem acesso à parte da administração do e-commerce, afirma que sem o WhatsApp não é possível indicar comandos para os outros funcionários, já que a empresa é muito grande e o deslocamento atrapalha o andamento dos serviços. Ela ainda pontua que nesses casos a vida profissional e pessoal involuntariamente se misturam, já que precisam recuperar o tempo perdido. “A gente fica sem controle da situação quando tem esses apagões”.
Esse também é o caso de Fábio Alves, que trabalha com comidas congeladas saudáveis, a Leve Vida, que relata sobre seu trabalho depender quase integralmente das vendas on-line. Com essa queda, ele percebeu o quanto esses recursos facilitam a sua vida, mas também o tornam refém do seu pleno funcionamento. O vendedor relata, com frustração, como sua produção foi afetada sem o acesso às redes sociais, já que coincidiu com o dia que ele produz as refeições. “Sem ter contato com os clientes para receber os pedidos, fiquei sem saber o que preparar, qual quantidade”.
Atualmente, a maioria das agências de publicidade trabalham com a produção de conteúdo digital. Júlia Pinho, estagiária de marketing e social media, diz que seu dia foi impactado pela queda das mídias, pois seu trabalho depende diretamente do funcionamento dessas ferramentas. “Eu vivo em função de fazer conteúdo para o Instagram e Facebook dos meus clientes”. A publicitária precisou refazer seu planejamento e definir novas datas de entrega para seus posts e conteúdos.
Existem outros meios que podem auxiliar em momentos em que a comunicação instantânea não está disponível. Pelo excesso do uso dessas redes sociais, nota-se a dificuldade em utilizar outra plataforma para a troca de mensagens, como é o caso do e-mail. Essa rede não é tão imediata em relação a conversas e, muitas vezes, requer uma certa formalidade. A publicitária ainda comenta a dificuldade em contatar seus clientes: “São pouquíssimos os que usam o e-mail pra falar com a gente”.
Muitas pessoas estão dando o primeiro passo no empreendedorismo a partir de meios de vendas na internet. A dona da loja Prata Atelier, Ana Clara Reis, afirma que o processo on-line permite vender durante 24 horas e com os custos muito baixos. A empreendedora completa dizendo que o mercado da internet não é tão levado a sério, mas demanda muita dedicação. “Minha dica é: comece, estude e tenha paciência, porque não vai ser ‘da noite para o dia’ [o sucesso da loja] “.
Reportagem: João Manoel Morais | Júlia Araujo | Jullia Santarém | Vivian Valente
Supervisão: Amanda Domicioli | Letícia de Lucas