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Cada vez mais cedo as crianças estão inseridas no universo da tecnologia. Uma pesquisa realizada pela CRESCER em 2018 afirma que 38% das crianças de até dois anos de idade tem algum aparelho tecnológico, seja celular ou tablet. Esta é uma informação preocupante para a saúde delas já que a organização mundial da saúde (OMS) indica que nenhuma criança com menos de 2 anos tenha acesso a telas pois podem provocar malefícios à saúde. 

O uso da tecnologia em excesso precocemente é prejudicial ao desenvolvimento e aprendizado infantil, segundo a psicóloga Laís Oliveira, de 26 anos. “Pode favorecer o desenvolvimento de déficit de atenção, dificuldades na aprendizagem escolar e atrasos cognitivos para a criança”, explica. Porém, a tecnologia propriamente dita pode ser benéfica, desde que seja usada com moderação e limites.

A psicóloga ainda ressalta que o principal motivo para que crianças estejam em suas telas com tanta frequência, é a impaciência dos responsáveis. Ela fala que, com o estresse do trabalho e a correria diária, eles não têm mais tempo de brincar com seus filhos e usam a tecnologia como uma forma de distração. “É importante que os pais estimulem outras formas de entretenimento para as crianças, inserindo outras atividades que podem estimular o seu desenvolvimento e limitando o uso das tecnologias durante o dia”, conclui.

A enfermeira Lívia Albuquerque já notou o impacto que o celular causa no seu filho, Luiz Thomás. Mesmo com apenas 5 anos, ele já faz tudo por conta própria neste universo. Segundo Lívia, se ela permitir ele passa o dia inteiro no celular e baixa os próprios jogos e assiste videos.  Comenta também que, mesmo tendo vários brinquedos, Luiz não consegue se divertir com nenhum deles, só com o aparelho: “Quando eu tiro o celular ele fica perdido, sem saber o que pode fazer para se distrair”, conclui.

Luiz Thomás vendo vídeos no celular. Foto: Acervo Pessoal

O desenvolvimento humano requer uma vivência em todas as áreas, para que as necessidades e cuidados da criança sejam atendidas. Segundo o psicólogo clínico e educacional, de 54 anos, Eugênio Lacerda, faz parte do desenvolvimento da criança brincar, por isso o uso da tecnologia até dois anos de idade deveria ser proibido.

 Eugênio ainda faz uma crítica aos pais e responsáveis que, em restaurantes por exemplo, permitem que a criança esteja 100% conectada à telas. “Não levam um brinquedo, lápis papel para esta criança, e com ela não interagem naquele ambiente”, diz. Ele ainda alerta sobre necessidade de estabelecer limites do tempo de uso. Segundo o psicólogo, isso “pode interferir negativamente nos estudos, no sono, nas relações sociais, nas relações familiares , nas atividades físicas, no bem estar pessoal da criança e adolescente”.

Para evitar esses efeitos negativos, é importante dar limites às crianças. A contadora Fernanda Prado acredita que por enquanto a relação de seu filho com a tecnologia é controlável. Ela conta que “ele reage bem” quando tira o celular dele e substitui por outra atividade.  Seu filho, Eduardo, tem dois anos de idade e passa cerca de duas horas por dia com o aparelho, mas a contadora comenta que só recorre a esse meio quando realmente precisa.

Alguns responsáveis entendem os problemas futuros que podem ser relacionados ao uso precoce da tecnologia. Priscila Pizelli não deixa que seu filho Luan de um ano e um mês de idade esteja em contato com as telas: “Acredito que faça mal para o desenvolvimento do bebê e que é viciante”. Ela conta que ela e o marido Gladstone sempre buscam outros meios de distrair o filho, nunca usando o celular ou outro tipo de tecnologia.

Priscila, o filho, Luan, e o marido Gladstone. Foto: Acervo Pessoal

Reportagem: Diana Campos

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