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Viradão Cultural na Rocinha promove debates e destaca o poder da alimentação sustentável

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Nos dias 13 e 14 de setembro, a Biblioteca Parque da Rocinha foi palco do Viradão Cultural, um evento voltado para a promoção e o reconhecimento da cultura local. Organizado pelo jornal Fala Roça, o encontro contou com debates que abordaram temas como ancestralidade, saúde, educação, juventude e economia criativa na favela.

Além das mesas de discussão, a programação incluiu diversas oficinas práticas. Um dos destaques foi o workshop de Agricultura Urbana e Soberania Alimentar, ministrado pelo curso “Jornada da Mata”. “Saber o que estamos comendo é um processo de empoderamento”, destacou Luna Pesce, uma das educadoras responsáveis pela aula. Segundo ela, a iniciativa representa mais que um ato de autonomia, é um gesto de resgate de raízes que impacta o território por meio de plantas muitas vezes descartadas na natureza.

O foco da oficina foi a alimentação com PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais), também conhecidas como “plantas não colonizadas”. “São espécies que conseguem se adaptar facilmente a esses espaços”, explicou Luna, ressaltando que muitas delas existem em abundância nas favelas, mas que muitas das vezes, não são aproveitadas por inteiro. A apresentação das PANCs aos participantes despertou a curiosidade e a conscientização sobre o consumo de novos alimentos. “Resgatar esse conhecimento e essas plantas na favela é produzir vida e saúde”, concluiu Pesce.

Representantes da Jornada da Mata que deram as oficinas (foto: Divulgação)

Representantes da Jornada da Mata que deram as oficinas (foto: Divulgação)

Para Fabiana, uma das participantes, a experiência foi uma viagem à infância. “Dei de cara com um malvisco, que é uma planta muito afetiva para mim, porque no muro da casa dos meus avós tinha muito e nós sempre comíamos, mesmo sem saber que era comestível”, relatou. O depoimento reforça como esse conhecimento, além de nutritivo, faz parte da vida dos moradores, mesmo sem saberem.

Outra experiência oferecida foi sobre a “alimentação viva”, baseada no uso de alimentos germinados e que evita o cozimento para preservar sua potência nutricional. A prática foi apresentada como uma solução sustentável e acessível, utilizando ingredientes que podem ser cultivados no quintal de casa para criar refeições ricas em nutrientes e romper com a lógica da monocultura.

O Viradão Cultural da Rocinha, nasceu do Mapa Cultural da Rocinha, que mapeou 250 iniciativas culturais e sociais da comunidade. O evento acontece como forma de mostrar que a favela faz cultura todos os dias e merece reconhecimento, espaço e investimento público. 

Reportagem: Miguel Andrade

Supervisão: Vinicius Carvalho