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Jornalismo para baixa conectividade é pauta no 19º Congresso Internacional promovido pela Abraji

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“A gente sente, a gente vive. Um jornal sobre a gente, feito por nós”. A afirmação, que é também um posicionamento, foi feita pela jornalista da Redes da Maré, Maria Teresa Cruz, durante mesa no 19º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo. A Redes, como é chamada, é uma organização da sociedade civil, que nasceu da mobilização comunitária a partir dos anos 80, nas favelas da Maré.

Ela participou de uma discussão sobre exclusão digital no acesso às notícias junto com o fundador do jornal Fala Roça e conselheiro da Associação de Jornalismo Digital (Ajor), Michel Silva e com o cofundador da Iniciativa Nordeste Rural Conectado, Anderson Santana. A mesa foi mediada pelo diretor e conselheiro fiscal da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Ivan Satuf.

Seja nas favelas cariocas ou na área rural da região nordeste do país, os casos abordados apresentam situações de falta de conectividade e de acesso a direitos. “O jornalismo também é uma ferramenta de construção da cidadania, então pra gente é muito importante compartilhar esse conhecimento com a população, para reconhecerem seu espaço, entenderem seus direitos e para que passem a defender uma manutenção dessa democracia”, ressalta Michel Silva.

Sobre a falta de conectividade nessas regiões, dois fatores foram destacados: os socioeconômicos, como o custo dos dispositivos, preço das recargas de celular, despesa extra com contratação de banda-larga, e os geográficos, como a ausência de abrangência das operadoras móveis, de provedores de internet ou ainda a ausência de investimentos.

Como solução, os veículos têm levado a informação de muitas formas, seja pelo aplicativo de mensagens Whatsapp, por meio de grupos que enviam notícias e informações das regiões em tempo real. Outra experiência, como é feito pelo jornal Fala Roça e pela Redes da Maré, é a distribuição gratuita de um jornal impresso por todo o território, levando até as residências dos moradores, notícias sobre o local onde elas vivem.

Outro ponto abordado no evento, foi a informatização e automatização do trabalho jornalístico. Mas Maria Teresa Cruz, do Redes da Maré, foi enfática: “antes de qualquer inteligência artificial substituir o trabalho do jornalista, existem outros direitos básicos a serem assegurados dentro da favela”.

O 19º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, acontece entre os dias 11 e 14 de julho, no campus Álvaro Alvim, da ESPM em São Paulo. No último dia, será realizadoo 6º Domingo de Dados, com palestras e oficinas sobre jornalismo de dados. O evento possui formato híbrido e pode ser acessado em todo o país.

Reportagem: Miguel Andrade

Professor orientador: Guilherme Costa

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