Fotografia e novos caminhos
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“O que a gente está vivendo?” questionou Fábio Seixo. “Acho que é uma grande transição”, ele mesmo concluiu. O fotógrafo passou a manhã desta quinta feira conversando com alunos da faculdade ESPM Rio sobre os novos caminhos da fotografia. Antes, uma foto era vista como um instrumento de memória que pontuava momentos importantes, seja em álbuns de família ou em fatos históricos. Porém, atualmente, ela perdeu esse poder por causa do excesso de imagens que são compartilhadas na web. Dentro deste cenário, o fotojornalista Fábio Seixas comentou sobre o mercado da fotografia e como isso impactou na sua trajetória.
Desde jovem, Fábio já tinha assinatura de revistas de fotografia, fotografava para elas e frequentava redações. Muito disto, deve-se a sua tia, que trabalhava na revista Iris Foto. “Eu fui o primeiro da minha família a ter uma foto do ultrassom”, diz em tom de brincadeira. “Eu já nasci fotógrafo”, completa. Anos depois se tornou fotojornalista do jornal O Globo, e se interessou por retratos, setor em que mais trabalhou. Nele, adquiriu aprendizados e reflexões. Segundo ele, as pessoas naturalmente se comportam como se houvesse um câmera apontada para elas, pronta para retratá-los. Dessa maneira, há a presença de uma persona e, com isso, a essência é deixada de lado.
O mercado audiovisual, principalmente a fotografia, está passando por uma reinvenção. Há dois fatores principais para isso. O primeiro é que atualmente há um alto fluxo de fotos na internet, fazendo com que as imagens não perdurem para as pessoas. O outro fator é que com o avanço da tecnologia, a câmera, aos poucos, vai perdendo sua relevância para os celulares.
O mercado mudou e Fábio também. Em um determinado momento de sua vida, o fotojornalista se encontrou em uma crise não só financeira, mas existencial. Na medida em que as pessoas fotografam cada vez mais, a foto vai perdendo o seu valor. Para ele, é cada vez mais difícil fazer uma imagem que dure. “Senti minha profissão perdendo relevância”. Por isso, Fábio decidiu trocar a foto pelo vídeo e atualmente produz documentários que concorrem em festivais internacionais.
O jornalista afirma que sem a fotografia, o olhar dele não seria o mesmo para a filmagem. Fábio passou por uma mudança profissional, mas o que ele fazia antes impacta no que faz hoje.
Reportagem: Patrick Garrido