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Futebol, cinema e inclusão: CINEfoot dá espaço à acessibilidade nas telas

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O longa-metragem “Itaperuna esporte clube – a águia do noroeste” e o curta-metragem italiano “A seleção do Chile” foram os grandes premiados da última edição do CINEfoot (Festival de Cinema de Futebol). O evento, que celebra sua 15º edição, foi realizado em cinco espaços de exibição no Rio de Janeiro e São Paulo, com entrada franca, acabou na última sexta (16) com uma sessão especial de encerramento no Estação Net Rio, em Botafogo. 

O festival é conhecido também por promover sessões com recursos de acessibilidade e inclusão. O documentário “Bola pro Alto!”, dirigido por Cecília Lang foi um dos curtas que apresentou legendagem descritiva e audiodescrição. O filme é conduzido em primeira pessoa pela própria diretora, que desde criança foi testemunha das diferentes fases do desenvolvimento da altinha, tema central da obra. Por meio de um mosaico de depoimentos, o curta revela a essência dessa prática esportiva que é um marco da cultura carioca, declarado como patrimônio imaterial da cidade desde janeiro de 2021.

Exibiçao do documentario “Bola pro Alto!” no Centro Cultural Justiça Federal (CCJF). Foto: Luana Bentes

          A audiodescritora do curta, Kelly Cunha, comenta a importância da lei de acessibilidade: “Além de trazer a inclusão, ela também gera renda para outras ocupações, como pessoas que trabalham com audiovisual. Nesse filme não tinha libras, mas em alguns vídeos tem legenda, inclusive foi uma colega que fez.  Pensar na audiodescrição como ferramenta de tecnologia assistiva social.” 

         Cunha observa que o profissional de audiodescrição não deve atribuir sentimentos ou emoções à narração, atuando de forma neutra, diferentemente de um intérprete. Segundo ela, esse tipo de interferência pode interromper a experiência da obra e prejudicar a compreensão do público. Ela conclui destacando que iniciativas como essa conseguem alcançar não apenas pessoas videntes, mas também aquelas com baixa visão ou cegueira.

           Natacha Rocha, estudante de música e espectadora do CINEfoot desde 2023, é deficiente visual e destaca que esses recursos de acessibilidade permitem que ela acompanhe os filmes com uma maior compreensão : “É muito bom porque  eu posso estar mais inteirada, né. Com a  descrição eu posso falar mais abertamente sobre o filme, sobre a história, enfim.” 

           Ela finaliza ressaltando a importância dos fones de ouvido nessas sessões, para que a narração esteja dirigida para aqueles que não enxergam: “Não é porque para gente é importante que todo mundo tem que escutar. Então eu acho que é importante o fone, porque quem tiver que ouvir a descrição vai ouvir e, quem não tiver, vai assistir o filme como ele é.”

Natacha Rocha (à esquerda) e Kelly Cunha após assistir ao documentário com recursos acessíveis. Foto: Luana Bentes

Dedicado exclusivamente ao futebol, o festival contou com uma programação recorde de 74 filmes de 15 países diferentes, consolidando-se como espaço de formação de espectadores e difusão do cinema voltado ao futebol. A iniciativa propõe ainda uma reflexão sobre temas sociais e o fortalecimento das carreiras de cineastas e profissionais envolvidos no audiovisual esportivo.

 

 

Reportagem: Arthur Zanotelli, Laura Araújo, Luana Bentes

Supervisão: Vinicius Carvalho

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