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Crítica: Todo Tempo Que Temos (2024)

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“Todo Tempo Que Temos”, novo drama da A24, chegou às telas brasileiras durante o Festival do Rio. Dirigido por John Crowley, o longa protagonizado por Andrew Garfield e Florence Pugh será lançado nos cinemas nesta quinta-feira (31). Na história, Tobias, um homem recém-divorciado, é surpreendido por seu encontro com Almut, uma determinada chefe de cozinha. Em uma narrativa não-linear, o filme explora os altos e baixos de um relacionamento entre duas pessoas com personalidades distintas e o drama da luta contra o câncer de útero de Almut, revelado logo nas primeiras cenas. 

Longe de qualquer inovação, esse poderia ser só mais um filme sobre amor com momentos de tragédia. Mas, para destacar a produção aos olhos da indústria e do público, Crowley procura – e encontra – um “algo a mais”, que não se resume à trama, nem à montagem em idas e vindas. O diferencial de Crowley está em Garfield e Pugh: é o carisma dos atores que nos convence a assistir novamente a mesma história e nos emocionar como se fosse a primeira vez.

Na montagem, assinada por Justine Wright, não são necessárias explicações, legendas ou grandes transições. Apesar de ágil, a passagem do tempo funciona com sutileza a partir de Almut, que estampa a tela com cortes de cabelo diferentes ou com a gravidez da personagem. A trilha sonora melancólica, a variação da iluminação e o tom dos diálogos também funcionam como marcação temporal.

Com roteiro de Nick Payne, o longa equilibra as emoções em cenas bem construídas. Entre alegria, tristeza, nostalgia e risadas, são partes como o nascimento da filha do casal, Ella, que melhor representam a obra. De forma inesperada e “puramente vívida”, como define Crowley em entrevista à Backstage, a cena reflete o amor e a parceria que permeiam todo o filme, enquanto abre espaço para a participação de atores coadjuvantes e para o alívio cômico necessário.

É possível dizer que “We Live In Time”, no nome original, é simplesmente um filme bonito que gera bons questionamentos. Grande parte dessa beleza mora na fotografia. Com uma linguagem intimista, o espectador sente que está à frente de um registro pessoal da família. A cada cena, nós estamos perto do casal, seja em sua casa, no quarto de hotel de Tobias, na rua, no hospital ou nas cozinhas de Almut. Para qualquer outro fã da série “This Is Us”, a sensação de acolhimento não é desconhecida.

Em uma das cenas mais poderosas do filme, Almut e Tobias discutem sobre as prioridades de cada um após o diagnóstico. Enquanto Almut busca entender o lugar da doença em sua vida e não abre mão de viver o agora, Tobias reflete sobre a possibilidade de preservar um futuro. Entre muitos aspectos técnicos, é o conjunto da obra que promove a nossa proximidade com o casal e nos integra à questão principal: como aproveitar o tempo diante da mortalidade?

Sem muitas surpresas, “Todo Tempo que Temos” pode ser considerado um bom filme de domingo. Ele é perfeito em tudo que se propõe a ser: uma história comovente sobre um casal apaixonante e completamente real.

 

Crítica: Duda Reis

Supervisão: Joana Braga e Vinicius Nunes

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