Crítica: Diário de uma Paixão
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“Diário de uma paixão” completa 20 anos este mês. O filme começa com um senhor, Noah Calhoun, lendo um caderno para Allie Nelson, uma senhora a quem ele costuma visitar no asilo. A leitura narra a história de um casal de adolescentes que se apaixonam nas férias, na famosa história de amor de verão. Mesmo com um sentimento tão forte, os pombinhos são forçados a viver com o obstáculo da desigualdade, já que o jovem trabalhava como operário e a menina era de uma família rica – família esta que sonhava para ela um futuro promissor, e enxergava em Noah um percalço para isto.
Apesar de se tratar de uma história de um jovem romance, o longa não idealiza a dinâmica dos protanogistas. Logo no início do relacionamento, é mostrado que o casal se envolve em brigas recorrentes, independente do carinho que possuem um pelo outro. Em um certo dia, Noah e Allie vivem sua primeira “noite de amor”, mas logo recebem um balde de água fria quando a menina, ao voltar para casa, se vê obrigada pelos pais a terminar o relacionamento com o rapaz. Então, Allie acaba voltando para sua cidade e o “amor de verão” chega ao fim. Mesmo após o término, Noah escreve cartas todos os dias do ano para Allie, que nunca retornava, pois sua mãe as escondia. A jovem nunca soube o que o rapaz sentia sobre o caso de amor que tiveram. Separados pela guerra, cada um passou a viver sua vida e adquirir suas próprias conquistas individualmente. A jovem moça começou um romance com um rapaz militar, de família rica e com um futuro promissor. Já o rapaz pobre continuou trabalhando, se alistou ao exército e juntou dinheiro para poder comprar a casa com que sonhava com seu pai.
A narrativa alterna entre o presente e o passado, revelando que a história de amor contada é a de Noah e Allie, agora idosos. No desenrolar da trama, não sabemos ao certo o que aconteceu com eles e o porquê da então senhora não se recordar que a história de amor é sobre sua vida. Eles vão passeando pelos locais do asilo e param no jardim, onde, em um certo momento, chegam ao local três adultos e duas crianças, que se apresentam como filhos e netos de Noah. Allie demonstra não os conhecer e eles a cumprimentam como se nunca a tivessem visto. É então revelado que eles também são filhos e netos dela, mas graças à sua perda de memória não os reconhecia.
Noah insiste em permanecer no asilo com ela, tentando fazê-la lembrar do passado e de quem ela era. Em alguns momentos, sua memória volta, e Noah tem esperança que pode curá-la. Ele então prepara um jantar surpresa para ela, que, emocionada, se recorda da sua história de amor. Os dois, no passado, apesar de terem se desencontrado, são unidos pelo destino. Allie larga seu noivo e vai viver com Noah na sua casa dos sonhos.
Eles dançam como se ainda fossem jovens e o tempo estivesse congelado. Mas, graças à doença degenerativa de Allie, ela subitamente se esquece de tudo e nem sequer o reconhece. Ela é levada pelos médicos, ao que ele, em choque, acaba sofrendo de um ataque do coração. Quando acorda, Noah vai imediatamente atrás de sua amada, que havia melhorado e voltado a se lembrar dele. O filme termina com os dois juntos, prometendo que o amor deles era mais forte do que uma doença, e capaz de restaurar tudo, até a memória de Allie. É uma linda história de amor, entrelaçada com a dor da perda e da doença. O filme mostra como um sentimento tão bonito é, também, tão poderoso.
Apesar de se tratar de uma história de amor, o filme deixa em aberto muitos pontos cruciais, como o preconceito da família da jovem, que não aprova o relacionamento pelas questões financeiras de Noah. Outro aspecto não explicado é o final da vida do casal, e como Allie adoeceu até chegar no asilo. Tais lacunas dão margem para interpretação do espectador, embora também possam ser vistas como subdesenvolvimento da trama. Independentemente desses pontos, a trama é capaz de prender os telespectadores do início ao fim, e a mistura do passado e do presente não causa confusão, e funciona bem em termos dramatúrgicos. É um belo filme, em que todas as atuações são fortes e comoventes, principalmente dos atores principais, Rachel McAdams e Ryan Gosling. Uma história atemporal que destaca o verdadeiro amor, e como esse sentimento é capaz de resistir no tempo e no espaço.
Crítica: Julia Novaes e Taís Vianna
Supervisão: Joana Braga e Vinicius Nunes