Entre desafios e aprendizados: jornalistas formados pela ESPM-Rio discutem suas trajetórias
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“Essas primeiras experiências, mesmo não sendo exatamente o que a gente queria fazer, formam e pavimentaram o caminho até aqui”, reflete a jornalista política Bruna Lima, formada pela ESPM-Rio. Ela participou da mesa “Da teoria à prática: trajetórias formadas na ESPM-Rio” ao lado de Gabriela Estrella, Bernardo Falcão e Matheus Krüger, outros três profissionais formados pela instituição. Durante o bate-papo, os ex-alunos compartilharam suas experiências na vida profissional e como a ESPM foi decisiva para o início de cada uma de suas vivências.
A mesa abriu espaço para reflexões sobre os desafios do jornalismo e o papel da formação acadêmica na preparação para a atuação no mercado. Bruna destacou como a prática, a ética e os conteúdos aprendidos em sala de aula são essenciais para lidar com situações de pressão, principalmente diante do cenário atual, repleto de desinformação e ataques à imprensa. “Ele (jornalismo) dá essa noção do ‘isso aqui é meu trabalho’, e ninguém tem que nem pode nem deve me atacar por isso. Começa pela sala de aula e termina na rua, porque, enfim, a rua sempre dá mais vivência, principalmente casca para aguentar esses ataques”, destaca Bruna.
Na maioria dos casos, existe uma diferença, e pode-se dizer que até um choque para alguns, entre a teoria que se aprende na faculdade e a prática do jornalismo no dia a dia. Matheus Krüger, jornalista de moda, reflete um pouco sobre como as divergências existentes no mercado de trabalho, apesar de desafiadoras, foram necessárias e que ajudaram a moldar o profissional que é hoje. “Eu também passei por vários veículos em que eu não concordava com o modelo editorial e que, às vezes, eu precisava escrever aquela matéria, porque a gente precisa seguir o modelo desse jogo. Nem sempre vai ser o que a gente acredita e gosta de fazer. Passar por essas experiências que foram essenciais para chegar onde a gente chegou até hoje”, afirma Matheus.
“O mercado é pequeno, as pessoas se conhecem. Faça amizades, conheça pessoas. O primeiro estágio que eu consegui, foi uma professora da ESPM que me indicou. Eu trabalhei com outras pessoas que me deram outras oportunidades. É um ponto de partida”, contou Bernardo Falcão, cofundador do Charla Podcast, que também ressaltou dois fatores essenciais dentro do jornalismo atual: fazer conexões e possuir uma boa rede de contatos. Bruna reforçou o argumento de Bernardo dizendo que hoje, o jornalismo quase não possui processo seletivo, é movido pela indicação e pessoas que te reconhecem como um bom profissional – e isso você conquista aproveitando as oportunidades que aparecem.
Gabriela Estrella, produtora executiva da CazéTV, contou uma perspectiva diferente, sobre um processo de aceitar as transformações que o percurso da vida profissional pode ter. A jornalista contou que precisou abrir mão de um sonho antigo para trilhar um novo caminho dentro da comunicação: “Foi difícil para mim entender que eu não queria mais o que eu sonhei pela minha vida inteira. Eu sempre quis ser jornalista e eu sempre quis ser repórter de rua. Então foi algo interno, não era mais o meu sonho. Tenho outros sonhos hoje, que são muito maiores e que me realizam muito mais”. Atualmente, Gabriela atua trabalhando nas externas dos grandes eventos que a CazéTV cobre, como Olimpíadas, Copa do Mundo de Clubes e Brasileirão.
Matheus compartilhou como o interesse pela moda surgiu durante o quarto período da faculdade e redefiniu toda a sua trajetória no jornalismo, reforçando a tese de que podem existir transformações durante o percurso profissional. Ele conta que foi conversando com o coordenador do curso, Pedro Curi, que enxergou a possibilidade de trabalhar com a moda usando o jornalismo e entrou em um processo de descoberta.
Matheus ressalta também que, atualmente, a moda não anda sozinha e que existem diversas pautas quando se fala ‘apenas’ de uma roupa, como política, cultura, economia etc. “Da mesma forma como a Bruna, por exemplo, como o Bernardo, como a Gabriela, precisam ter uma responsabilidade ali na hora de você escrever um texto, de ter uma apuração, de ter uma fonte confiável, a gente também precisa ter esse mesmo tipo de preocupação para que eu possa escrever um texto de moda. Eu preciso ser uma pessoa que me atente a essas outras áreas da sociedade. Eu preciso ser uma pessoa muito municiada de referência”, destacou Matheus.
Reportagem: Júlia Mota
Supervisão: Vinicius Carvalho



