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Setembro azul e amarelo

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Simpósio realizado na UERJ

O mês de Setembro é marcado por dois eventos importantes para sociedade. O primeiro deles é o Setembro azul, que tem como objetivo incentivar a visibilidade surda. A escolha desse mês como representante desta parcela da população se deu uma vez que nele não só se comemora o “Dia do Surdo”, mas também o “Dia das LIBRAS” e o aniversário do Instituto Nacional de Educação de Surdos, INES. Além disso, durante esses dias é visada a conscientização e informação da população sobre a cultura e identidade deste grupo. As atividades voltadas para esse mês são sobre a acessibilidade para a comunidade surda e comemoração de suas conquistas.

Já o segundo acontecimento que marca esse período é conhecido como Setembro Amarelo. Nele, é comemorado o dia mundial da prevenção do suicídio, e há diversas ações e palestras que buscam fornecer apoio para quem sofre de pensamentos depressivos e para os que buscam entender mais sobre este mal. A cada 40 segundos há uma tentativa de suicídio bem sucedida, por isso, o mês tem a finalidade de informar e ajudar a sociedade alertando sobre a realidade da prática ao redor do mundo.

A ideia de juntar os dois maiores propósitos do nono mês do ano pode parecer distante, ou até mesmo irrelevante. No entanto, de acordo com uma pesquisa realizada pela professora de LIBRAS da UERJ, Ester Basílio, a realidade que junta estes dois ideais é mais próxima do que parece. Dentre as respostas, a pesquisadora dividiu os surdos e os ouvintes, para que apenas os primeiros pudessem ser analisados.

 

Campanha incentivando a junção do setembro azul com o amarelo
Reprodução: Pra Vida Comunidade Surda

Foram 189 resultados de pessoas com surdez, que revelaram que cerca de 83% do grupo estudado já havia tido pensamentos suicidas. A faixa etária onde houve mais representação foi entre os 21 e 29 anos (39%). “Esses dados são muito alarmantes, e nos preocupamos e pensamos o que está acontecendo para que esses indivíduos simplesmente tenham esse tipo de pensamento suicida e não tenham nenhum apoio social”, explica Ester.

Em sua pesquisa: “Suicídio e surdez: a saúde mental não acessível”, a professora levanta a possibilidade de que os indivíduos com surdez possam sentir-se isolados socialmente, ter mais problemas de saúde física e ser mais propensos a sofrer sintomas depressivos do que aqueles que estão ouvindo. Ela liga essas hipóteses ao fato da falta de profissionais capacitados para entender a LIBRAS nos diferentes postos públicos de atendimento terapêuticos.

Para trazer à tona o debate sobre suicídio dentro da comunidade surda, o departamento de Letras da UERJ realizou um simpósio com diversas palestras que envolviam os assuntos. A discussão foi acessível, com intérpretes disponíveis durante as seis horas do evento. Dentre os convidados estava Luciana Ruiz, a primeira psicóloga surda do Rio de Janeiro e a terceira do Brasil. Ela contou sua trajetória de vida, passando por obstáculos como a depressão e a exclusão, até o processo de aceitação de sua identidade surda.

Durante a palestra, também foram abordados temas como a importância da produção de materiais voltados para o público infantojuvenil que sofre com a surdez. Estes não só ajudariam na inclusão social deles, mas também na construção de sua identidade como um grupo. Como seres multiculturais, os surdos são acostumados a buscarem produtos da cultura ouvinte onde possam tentar se encontrar. Contudo, quando há o incentivo para o desenvolvimento de livros, filmes, séries e outros diversos tipos de trabalho voltados para a realidade enfrentada por essas pessoas, fica mais fácil a questão da inserção e ocorre o real sentimento de representatividade.

 

Produções literárias voltadas para crianças surdas
Reprodução:Editora da ULBRA

Reportagem: Bárbara Beatriz e Beatriz Aguiar.

 

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