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Rita: A primeira de muitas

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Representatividade, luta e empoderamento. Essas são algumas das palavras que refletem o que Rita, a primeira mascote feminina de uma atlética universitária carioca, tem a passar para o público. Hoje, no lançamento de um documentário contando a história da personagem, a atlética da Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio, ESPM Rio, afirma que quer, ao máximo, conseguir que Rita sirva de apoio e influência para outras iniciativas semelhantes.

Sempre houve debate quanto a importância da presença de uma personagem mulher como rosto da torcida. Na ESPM Rio, as opiniões dividiam-se diante da proposta da atlética de tornar esta ideia realidade: “A maior dificuldade foi fazer as pessoas entenderem que ia ser difícil mas era necessário, e que a Rita não ia chegar para competir com outro mascote, mas sim tornar possível uma maior representatividade”, conta Maria Elisabete Biermann, presidente da atlética da ESPM Rio.

A presidente da Atlética ESPM Rio.// Foto: Bárbara Beatriz

Completamente independente do outro mascote da azul e branca, Jacarito, Rita veio como uma forma de reunir a faculdade. Enquanto os projetos de Jacarito são em sua maioria financiados pela Atlética, a jacaré consegue mobilizar os alunos para alcançar seus objetivos. Foi com a venda de rifas e camisas que Rita conseguiu sair da internet e tornar-se uma personagem física.

Logo antes da Copa ESPM 2017, sua primeira aparição para as pessoas da faculdade, um grupo foi buscar a fantasia em Cabo Frio. Gabriella Flores conta no documentário que foi a primeira a vestí-la, e que a sensação foi sem igual, um momento impossível de conter as lágrimas.

Quando Rita acompanhou a delegação azul e branca pela primeira vez no JUCS, em 2018, entrou em quadra em um jogo de futsal feminino no segundo dia da competição. Ela trouxe consigo uma discussão que atingiu também outras universidades, sobre a questão da necessidade da existência desta figura como forma de apoio para outras jogadoras: “O surgimento da Rita, por parte da ESPM, foi muito legal porque a Atlética, muita vezes, carrega o estereótipo de ser excludente, de não ser receptiva para mulheres”, comenta Beatris Mady, de 21 anos, que faz parte da atlética de psicologia da UFRJ e promove ações inclusivas para o público feminino e LGBT+.

Rita em seu primeiro JUCS.// Foto: Atlética ESPM Rio

A presença de Rita, tanto em perfis de redes sociais quanto em quadra, serviu de incentivo para que outras atléticas cariocas tivessem a mesma iniciativa. Larissa Castilhos, de 22 anos, faz parte da Atlética de Engenharia da UERJ, e conta que a mascote feminina da azul e branca incentivou a criação de “Pepita”, que apesar de ainda não ser física, serve para representar a faculdade. “As meninas estão interessadas, até as que não frequentam jogos estão querendo ir, por ter alguém lá que faz elas se sentirem representadas”, conta Larissa. Ela ainda completa explicando que sua atlética é majoritariamente masculina mas os meninos não só estão aceitando bem a nova personagem como também ajudando nos preparativos da primeira viagem para jogos universitários em que ela acompanhará os times.

Mesmo fora do esporte universitário, Rita consegue impactar o público que decide saber mais sobre sua história. Luiza de Carvalho, de 17 anos, é ginasta do Flamengo e conta que ficou emocionada ao ver o documentário. Ela, que nunca participou de times de universidade, explica como saber sobre a jacaré foi significativo: “Como atleta mulher, a gente enfrenta muita coisa de não ser levada a sério. Saber da existência de uma mascote feminina é incrível. Essa representatividade é muito necessária pra gente ver que não está sozinha e que tem importância o que estamos fazendo”.

Blusa da mascote.// Foto: Bárbara Beatriz

Atualmente, o maior desafio de Rita é manter-se sempre atualizada. “No início a gente dá muito gás, tem muito  esforço. Mas hoje em dia a maior dificuldade é manter a personagem sempre ativa e com novidades, para que a galera não perca o interesse”, diz Isabella Gonzalez, de 21 anos, diretora de comunicação da Atlética ESPM Rio. A personagem, que serviu de exemplo para tantas outras, promete seguir se reinventando. “A teoria da Rita é que ela é o que ela quiser, partindo daí, ela sempre vai ter coisa nova para mostrar, vai sempre ter o que evoluir”, finaliza Isabella.

Matéria de Bárbara Beatriz Camello e Diana Campos.

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