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Jovem se redescobre no esporte adaptado

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Foto: Yan Lacerda

Lucas Pereira Dos Santos nasceu em Niterói, região metropolitana do Rio. Com menos de um ano, já dava seus primeiros passos no sítio da avó, onde cresceu, rodeado pela família. “Soltava pipa, jogava bola, subia em árvores, brincava de pique esconde, eu fui uma criança feliz”, ele se recorda com um sorriso no rosto. Sua vida de atleta começou ainda na infância, em uma escolinha de futebol de areia, na praia de Icaraí. Aos 8 anos entrou na ginástica olímpica, que praticou por mais de 10 anos. Passou também pelo judô, surfe e futebol de campo.

Durante um final de semana em janeiro de 2018, Lucas estava na casa da madrinha, na região oceânica de Niterói.  À tarde sentiu fome, pegou sua moto e saiu para lanchar na rua, quando parou em um sinal e acabou atropelado por outra moto, que avançou o sinal, na contramão e em alta velocidade. Lucas diz pouco se lembrar daquele momento: “Me disseram que eu ficava querendo levantar do chão, meu subconsciente fez com que eu desse o número da minha mãe pra mulher que estava me ajudando”.

 Logo em seguida, foi levado direto para o hospital e passou por uma série de exames. Ainda sem entender muito bem o que estava acontecendo, seu tio teve de dar a notícia: “Lucão, você sofreu um acidente de moto, conversamos com o médico e ele falou que fizeram de tudo, mas infelizmente seu acidente foi muito grave e é o seguinte: você vai ter que amputar. Estamos aqui com você”. 

A recuperação foi um período de superação, como conta Lucas: “A cada dia que passava eu enfrentava como uma batalha que eu ia ganhando dia após dia. Para no final ter uma vida normal, como sempre tive”. O apoio da família, dos amigos e, principalmente, o de sua mãe foram fundamentais. Mas sua força de vontade o manteve sempre de cabeça erguida: “Só perdi uma parte da perna, não perdi minha vida”.

Voltar à ativa foi um desafio. Lucas precisava se acostumar aos seus novos limites. Fez algumas sessões de fisioterapia e natação adaptada, até que sua antiga professora de ginástica olímpica, Fernanda Cheskys o convidou para fazer uma aula experimental de crossfit, esporte que, mais tarde, mudaria sua vida. “Ele sempre foi muito querido, um excelente aluno. Fiquei preocupada quando soube do acidente. Levei a história dele até o João, que topou e disse: ‘vamos fazer ele se sentir em casa’.”, contou Fernanda.

“Foi quando eu vim para o Casarão e ela me apresentou o João Paulo, head coach, e ele foi adaptando o esporte a mim”. Head coach é como se chama o professor principal de um box, academia de Crossfit. João buscava que ele atingisse seus limites e se superasse a cada treino. “No início ele tinha muita dificuldade, mas seu esforço era máximo. É um menino muito guerreiro, faz a gente se motivar com ele”.

Lucas conta que o esporte foi fundamental em sua recuperação e que se sentiu acolhido no Casarão: “Me ajudou tanto cognitivamente, como psicologicamente. Comecei a vir todos os dias”. Fernanda disse que a maneira como ele lidou com situação foi surpreendente: “Não sabíamos como ia lidar com o acidente, até por seu muito jovem. Mas não o vi com raiva disso em nenhum momento, vi seguindo adiante e buscando formas de se redescobrir na vida”.

Hoje Lukita, como é conhecido no Crossfit, está com 20 anos, cursa educação física na UFF e faz estágio no Casarão. Ele quer seguir trabalhando com o esporte e espera que sua história inspire outras pessoas: “Levo para a minha vida, conheci outros atletas adaptados e nós podemos mostrar para as outras pessoas que somos capazes”. Recentemente, completou um ano na nova modalidade e já coleciona pódios de algumas competições.

O atleta utiliza a prótese que adquiriu pelo SUS, logo após o acidente. Ele busca uma nova, mais adequada ao esporte e para isso iniciou um financiamento online. Ainda faltam cerca de 40% do valor, para atingir a meta de arrecadação.

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