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A dura realidade das categorias de base nos times menores

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Reportagem de Isabelle Rodrigues e Gabriel Barros

As categorias de base são a porta de entrada para quem tem o sonho de ser um jogador de futebol profissional no Brasil. Para quem joga em clubes de maior investimento, a visibilidade possibilita que esses sonhos se tornem realidade, já que participam de mais campeonatos. Já os jogadores de times de menor expressão precisam aproveitar todas as chances que possuem.

A base é muito valorizada pelas equipes cariocas. Atualmente, Gustavo Scarpa, do Fluminense, Felipe Vizeu, do Flamengo, Sassá, do Botafogo, e Thalles, do Vasco, obtiveram sucesso no futebol nacional. Enquanto isso, apenas o Nova Iguaçu conseguiu elevar jogadores a nível de competições nacionais. William Barbio, Bruno Cortez e Biro Biro fizeram parte da equipe da Região Metropolitana do Rio de Janeiro e conseguiram chegar aos times principais do Vasco, Botafogo e Fluminense, respectivamente.

É o caso do Barra Mansa, que foi o primeiro clube profissional do Brasil, a partir de 1911. A equipe teve uma boa fase recentemente quando conseguiu a classificação para a Série A do campeonato carioca, mas acabou sendo rebaixada logo em seguida. Péricles Andrade, coordenador da categoria infantil, afirmou que o time poderia chegar mais longe na competição se houvesse mais investimento por parte da diretoria. “Estamos passando por uma reformulação, já tivemos condições de ter uma base muito sólida, já fomos campeões no sub-17 (categoria que conta com jogadores abaixo dos 17 anos), mas os diretores e presidentes que por aqui passaram nunca deram a atenção devida.”

Peneira realizada pelo Barra Mansa no início deste ano | Foto: Péricles Andrade/Reprodução

Já o Bangu teve sucesso no profissional nas décadas de 80 e 90. Porém, atualmente, passa por dificuldades e se encontra na série D do Campeonato Brasileiro. O assessor de imprensa do clube, Emerson Pereira diz que a reformulação da base é um dos pilares para a volta à série A e faz uma comparação com a Chapecoense: “A gente até pega o exemplo da Chapecoense, que saiu da 4ª divisão e hoje está num campeonato internacional. Essa é a grande inspiração.” Além disso, ele diz que a integração da base com o profissional e a presença de Loco Abreu no vestiário são importantes para o crescimento dos atletas. “Uma pessoa que disputou duas copas do mundo acaba servindo como um espelho, um amigo. E ele tem essa vocação de líder, de ajudar. Então inspira, não tem jeito”. Emerson diz, também, que, apesar de o clube não possuir Centro de Treinamento, eles têm uma boa estrutura de base. “O Bangu não tem um CT para as categorias de base, então utiliza o espaço do Clube Militar. Apesar de não ter nenhum vínculo com os militares, utiliza esse espaço que é uma grande área de lazer”.

 

Categoria sub-20 do Bangu em partida contra o Fluminense | Foto: Reprodução

A luta por melhorias é diária, já que esses clubes vivem com poucos recursos, o que gera inúmeras dificuldades. No caso do Cabofriense, equipe da região litorânea do Rio, a estrutura é básica e atualmente possui apenas a categoria sub-20, que conta com jogadores abaixo dos 20 anos, com cerca de 32 atletas. Segundo Rodrigo Barreto, diretor de futebol, o desafio maior é trabalhar o psicológico dos atletas, por se tratarem de garotos novos e que almejam alcançar uma meta dentro do futebol, que é chegar à categoria profissional de alto rendimento. “Não são muitos recursos que um time pequeno possui. Temos que superar, sonhar com dias melhores e torcer para que o nosso profissional não caia de divisão, pois são eles que mantêm o sonho do presidente e dos meninos da base”, conta.

Por outro lado, a primeira equipe do Rio a ser considerada um clube formador, de acordo com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), foi um time de apenas 27 anos de existência. O Nova Iguaçu Futebol Clube, da Baixada Fluminense, foi fundado em 1990 e tem uma das melhores estruturas de base do estado. Com categorias desde os 8 até os 17 anos, o clube aplica a maior parte do seu investimento nas crianças, já que o profissional ainda não é tão desenvolvido, segundo o assessor de imprensa Bernardo Gleizer. “A principal renda do Nova Iguaçu é a venda de jogadores para outros clubes”, conta. Além disso, as equipes dessas categorias estiveram presentes em diversas finais do Campeonato Carioca de Base. Segundo o diretor de futebol Victor Lima, presente no clube desde a sua fundação, as crianças sempre serão a prioridade. “Nesse meio de tantos obstáculos, a gente entende que é preciso olhar pra um menino de 10, 11 anos e imaginá-lo dentro do futebol”, disse.

 

Centro de treinamento do Nova Iguaçu Futebol Clube | Foto: Isabelle Rodrigues