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    Os latidos são incessantes na entrada do abrigo Senhor Sebastião. Lá, 145 cachorros compartilham o espaço com 15 gatos e quatro jabutis. Eles são divididos em 17 canis, um gatil e um espaço reservado para os répteis. Durante a semana, Sebastião Dias cuida, sozinho, de todos eles. Dá remédio aos que precisam e distribui comida para todos os animais. Já no fim de semana, são seis voluntários fixos que o ajudam a limpar o local e mantê-lo adequado para os próximos sete dias. Cada um é responsável por mais de 26 bichos, que transformam a casa grande em um espaço onde não existe um cômodo sem cães ou gatos.

 

 

Elvis, um dos 145 cachorros do Abrigo Senhor Sebastião. / Foto: Bárbara Beatriz

Essa realidade se repete em diferentes locais do Rio de Janeiro. Isso acarreta na superlotação de abrigos, ONGs e clínicas voluntárias. “Tem gente que vem uma vez ao ano para ajudar. Às vezes duas. Eles estão vindo mais é fazer visita. A gente precisa de quem consiga vir todo fim de semana”, conta Sônia Gomes, voluntária no abrigo Senhor Sebastião. Ela diz que quem descobre o endereço do lugar, às vezes comenta com conhecidos e logo depois aparecem dezenas de animais abandonados na porta da casa. “Infelizmente hoje a gente não pode nem dar pista de onde fica o endereço. Chegamos a um ponto onde não cabe nem mais uma pulga”.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, em 2014 havia cerca de 30 milhões de animais abandonados nas ruas do Brasil. Estima-se que atualmente este número tenha aumentado, com o fechamento de diversas casas de castração. Suzy Celestina, voluntária da ONG “Os Indefesos” explica que, em razão disso, a população de bichos sem lar cresceu exponencialmente. Ela organiza as campanhas de doação da ONG, que ocorrem todos os domingos na Praça do Ó. “São cerca de 70 animais, divididos em lares voluntários. A gente tem muita gente que ajuda, mas precisa de mais”, explica.

 

Cachorros recebendo carinho no Abrigo Senhor Sebastião. / Foto: Diana Campos

 

Grande parte dos animais desabrigados, antes já tiveram um lar. A maioria deles, quando abandonados, vai para os Centros de Controle de Zoonoses, espécies de abrigos municipais onde os doentes são tratados e os demais ficam à espera de novos donos. De dez animais que entram nesses locais, apenas 20% nasceram nas ruas, segundo a empresa “Amor aos Pets”. As principais razões para o abandono, segundo pesquisa realizada pelo “Journal of Applied Animal Welfare Science” envolvem a sujeira, e a bagunça gerada pelos bichos.

 

Reportagem: Bárbara Beatriz Camello e Diana Campos.