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Fora de casa – Gilsa Maria Soares

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O novo coronavírus afetou diretamente a rotina dos supermercados. Esses estão na lista de serviços essenciais divulgada pelas autoridades do governo e com isso, tiveram que tomar novas medidas de proteção ao cliente e ao trabalhador. No início da pandemia, com medo da ausência de produtos, muitos consumidores lotaram os estabelecimentos para fazer estocagens. Diante disso, houve um aumento de 20% nas vendas dos supermercados em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo um levantamento da ASSERJ (Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro).

A funcionária da Rede Guanabara de Supermercados, Gilsa Maria Soares, de 53 anos, conta ao Portal como está sendo a nova rotina de trabalho no supermercado e como está o movimento no local em meio a pandemia. No Brasil, a Covid-19 já causou mais de 23 mil óbitos, ultrapassando o número de mortes diárias dos Estados Unidos. 

Portal: Como era a sua rotina de trabalho antes da pandemia? E como está sendo agora?

Gilsa Maria: Nós trabalhavamos normalmente, não tínhamos problemas com aglomerações. Agora, devido a pandemia, nós temos que trabalhar com máscaras, viseira, álcool em gel direto nas mãos e evitando, de certa maneira, o contato com os clientes quando a loja está muito cheia. Devido a muitos lugares estarem fechados, algumas pessoas acham que não vão ter alimentos e muitas vezes acaba gerando aglomerações no mercado. Então, nós, de uma certa maneira, temos que estar no meio dessa multidão, porque as pessoas fazem pergunta de onde estão os produtos. Somos serviços essenciais e não podemos fugir disso, tomamos as medidas para nos precaver.

Portal: E a sua rotina diária? Qual meio de transporte você utiliza para ir ao trabalho?

Gilsa Maria: Pego o ônibus cinco da manhã, apesar de entrar às oito no serviço. Muitas pessoas acham exagerado, mas eu estou procurando não andar em condução cheia. Sempre com máscara e álcool em gel, saio de casa o mais cedo possível para evitar aglomerações. Às vezes na própria condução tem gente que não usa máscaras, mas é um ou outro, agora as pessoas estão tendo mais consciência. Pelo menos nas conduções, não é uma proteção só pra mim, é uma proteção para eles e para a família deles. Afinal de contas, nós saímos e deixamos nossas famílias em casa e colocamos a mão em vários lugares mesmo estando com o álcool em gel. Chegando em casa é a mesma coisa, tem que tirar toda a nossa roupa, colocar para lavar, higienizar nosso sapatos, tirar antes de entrar em casa e sempre estar higienizando as nossas mãos. E assim está sendo a nossa vida para o bem de todos.

Portal: Como está o fluxo de pessoas no supermercado?

Gilsa Maria: O fluxo é muito cheio. As pessoas não tem para onde ir, então elas ficam no mercado. E o maior absurdo são as aglomerações de idosos, de pessoas que levam crianças recém nascidas para o mercado. Não vai uma pessoa só da família para fazer as compras, às vezes vai mãe, pai, avó, tio primos, colegas, então fica muita aglomeração no mercado sem necessidade nenhuma, porque não vai faltar nada. Os idosos, que deveriam estar em casa, às vezes vão sozinhos e não compram nada, apenas vão para passear. Isso é muito perigoso para eles, além de estar levando perigo para nós que estamos trabalhando.

Portal: Qual horário que mais ocorre aglomeração? 

Gilsa Maria: Na parte da manhã, a aglomeração é maior, porque os idosos acordam muito cedo. Mas, a tendência é aumentar cada vez mais, principalmente final de semana. Dá uma quantidade menor no horário do almoço entre 13:00 e 14:00, mas depois a aglomeração começa de novo.

Aglomeração de pessoas na entrada de Supermercado / Foto: Gilsa Maria Soares

Portal: Quais medidas o supermercado adotou para evitar o contato com os clientes?

Gilsa Maria: Andamos com o álcool em gel no bolso pela loja toda. Na entrada medem a temperatura das pessoas que chegam no mercado, a nossa e a dos clientes, os carrinhos são higienizados, alguns clientes usam luvas para pegar as mercadorias. Tem filas para usar o álcool em gel e para medir a temperatura. Tem faixas nos caixas, no açougue e no laticínios indicando um metro e meio de distância entre as pessoas. Muitos não obedecem, brigam e discutem que isso é besteira. Dentro do nosso refeitório, não podemos mais sentar juntos, sempre pulando um banco. Na sala de descanso, também não podemos ficar próximos. E isso tem que dar certo para isso passar o rápido possível. 

Portal: As mercadorias estão chegando no supermercado normalmente?

Gilsa Maria: As mercadorias estão chegando normalmente no mercado. Não vai faltar nada. Só iria parar de chegar, caso os caminhoneiros parassem de trabalhar. Porém, eles estão trabalhando normalmente também, nas estradas estão sendo bem tratados, levando álcool em gel. Muitas pessoas estão sendo solidárias levando alimentados para eles. Então, não vai faltar mercadoria. Pelo menos no mercado que eu trabalho, está tudo cheio de mercadoria e não está faltando nada.

Portal: Quais os produtos que estão sendo mais procurados no mercado?

Gilsa Maria: Bom, não deveria ser mas, infelizmente, os produtos que estão sendo mais procurados dentro do mercado são as bebidas alcoólicas, quando deveria ser os alimentos. Muitas pessoas que estão recebendo esse auxílio, estão realmente comprando alimentos e fora isso está tudo normal.

Portal: Os supermercados permanecem divulgando suas promoções ou estão evitando para evitar aglomerações? 

Gilsa Maria: Na rede de supermercados a qual eu trabalho e outras redes também, fazem promoções. Mas, graças a Deus, eles estão conscientes de que não podem anunciar “aniversário do mercado”, “semana da limpeza” ou “semana da beleza”. Eles estão colocando os anúncios normais, mas todos conhecem esses tipos de promoções. E nessas semanas haviam muitas aglomerações, mas agora, devido à quarentena, não está tendo mais aglomerações como antes. Vocês podem ir a hora que quiserem, porque vão encontrar todos os produtos, sem precisar ter aglomerações e peço para que não levem seus bebês ao mercado. 

Reportagem: Ana Júlia Oliveira, Eloah Almeida, Gabriel Lorenzo, Gustavo Vieira, Paola Burlamaqui e Ricardo Ferro

Supervisão: Maria Luísa Martins

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