CARREGANDO

O que você procura

Geral

Violência em pauta

Compartilhar

Na última quinta-feira, dia 21, a Rede de Observatórios da Segurança divulgou dados referentes ao retrato da violência no país. A pesquisa foi realizada em cinco estados: Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia, Ceará e São Paulo. O monitoramento foi feito entre junho e outubro deste ano, com o objetivo de retratar e compartilhar dados sobre segurança pública, violência e direitos humanos. Foram coletados 4.764 fatos para a realização do relatório.

A coordenadora de Comunicação da Rede, Anabela Paiva, explica como foi realizado o monitoramento: “Os dados são produzidos por pesquisadores em cada estado, a partir da pesquisa em dezenas de veículos de imprensa, contas de redes sociais e até grupos whatsapp”. Ela explica também que o acompanhamento é feito com números oficiais das polícias, com homicídios, mortes por ação policial, além de buscar dados que não estão dentro das estatísticas, como o racismo, violência contra mulheres, ataques, linchamentos e outros fatos ligados ao policiamento.

Imagem: Rede de Observatórios da Violência

Anabela relata que apesar dos crimes atingirem milhares de brasileiros, na maioria das vezes, os casos permanecem sem resolução. “É assim que forjamos uma cultura que nos permite conviver com 60 mil homicídios registrados por ano”, completa. Ela também fala que a intenção do relatório é apontar tendências e alertar governantes, gestores públicos, políticos e formadores de opinião para fenômenos da sociedade brasileira que costumam ser minimizados ou, por vezes, não percebidos.

O estudo aponta também o silêncio que encobre os crimes de racismo e injúria racial. Em cinco meses, foram monitorados apenas 14 casos nos estados pesquisados sem que a violência fosse denunciada à polícia. Outro levantamento que reflete o país atualmente foi a quantidade de mortes de mulheres registradas, onde dos 518 casos de violência contra mulheres analisados, 39% foram considerados feminicídios e 42% foram considerados como tentativas, o que mostra que o tema ganhou espaço no debate público.

Imagem: Rede de Observatórios da Violência

A pesquisadora, Bruna Sotero, da Rede Observatório, acrescenta sobre o diferencial do observatório para outros monitoramentos de violência “nosso esforço é colocar uma lupa sobre a invisibilidade de alguns dados para tentar compreender melhor a realidade”. Bruna explica também sobre o banco de dados, alegando que ainda não é possível fazer comparações com alguns indicadores, como policiamento, que apresenta uma maior parcela na classificação da Rede.

Existe uma importância, principalmente na atualidade, de se registrarem dados como estes. O jornalista de Dados e um dos fundadores do Monitor de Violência do G1, Felipe Grandin, explica que é fundamental saber o que está acontecendo para que seja possível melhorar. “É importante tanto para a polícia para, a partir destes dados, planejar sua atuação, quanto para a sociedade poder cobrar das autoridades competentes e contribuir para melhorar os problemas”, completou.  

Reportagem: Ana Júlia Oliveira, Carolina Oliveira, Diana Campos, Renan Adnet e Yan Lacerda.