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Perfeição existe?

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O aplicativo Instagram é uma das redes sociais mais utilizadas no mundo. No Brasil, há milhões de usuários, sendo o segundo país com mais acessos à plataforma, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, de acordo com a Revista Fhox. Os influenciadores digitais têm um enorme poder de persuasão sobre seus inúmeros seguidores, induzindo-os a ter o mesmo estilo de vida, mesmas roupas e até o mesmo tipo de corpo.

Muitas pessoas se sentem pressionadas a seguir um padrão de beleza, como é o caso de Helena Victória Azevedo que, em sua infância e adolescência, se viu presa à estética influenciada por outras blogueiras. “Eu achava que tinha que ser perfeita e chegou um momento que eu percebi que essa perfeição nunca ia chegar” conta Helena. Ela ainda reforça que teve problemas de saúde emocional ao acompanhar várias blogueiras no Instagram.

Esse excesso de cobrança para se obter uma aparência determinada como perfeita, pode trazer consequências negativas para o psicológico das pessoas. Márcia Sacramento, psicopedagoga, constata que a saúde mental é um conceito amplo e que o corpo humano deve estar em equilíbrio. “A saúde mental é desafiada o tempo todo. Se o indivíduo não estiver bem, será cobrado. Essa cobrança adoece. A vida é influenciada por esse conceito o tempo todo. Chega a ser desumano.” A profissional ainda reconhece que o bem estar da mente é fundamental e um direito de todos.

Além disso, tem sido comum ver grandes influenciadores se submeterem a procedimentos invasivos para também se igualarem a um modelo de corpo inalcançável. De acordo com o Jornal da USP, o Brasil é líder no ranking mundial de cirurgias plásticas em jovens. No ano de 2016, dos quase 1,5 milhão de procedimentos estéticos feitos, 97 mil (6,6%) foram realizados em pessoas com até 18 anos de idade.

A banalização desse tipo de operação vem se tornando frequente. Como afirma o cirurgião plástico Frederico Neto Souza. “As alterações de contorno facial e corporal vêm sendo executadas, em sua grande maioria, não por cirurgiões plásticos, mas por médicos e dentistas que viram nisto uma grande fonte de renda”. Ele reforça também que esses procedimentos não podem ser confundidos com os executados pelos membros da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Em contrapartida, alguns usuários do Instagram vêm disseminando a autoaceitação. Nas suas páginas pessoais, eles ajudam e inspiram seus seguidores a aceitarem e amarem seus corpos reais, como são de verdade. A influenciadora digital e modelo plus size, Guta Fróes, destaca que, ao longo de sua vida, não se sentiu representada em meios de comunicação e na moda. Ainda, ela explica que a gordofobia está presente em todos os lugares, de forma explícita e, principalmente, implícita, como no tratamento e no olhar. Atualmente, ela faz o papel inverso ao ser um símbolo para mulheres gordas. “Hoje em dia, eu tento ser a referência gorda, para que mulheres, independente da idade, se vejam em qualquer lugar.”, relata Guta.

O processo de autoaceitação pode ser árduo, mas é necessário para uma vida saudável, explica Márcia. “O autoconhecimento é a chave para a autoaceitação. Conhecer quem somos de fato é muito eficiente na construção da nossa capacidade de desenvolver nossa humanidade.” esclarece a psicopedagoga, que ainda define que avançamos em alguns aspectos relacionados às diferenças uma vez que estamos em conexão uns com os outros. Entretanto, o desenvolvimento humano é lento e continua em processo.

Reportagem: Júlia Araujo | Laura Tito | Vivian Valente.
Supervisão: Ana Júlia Oliveira | Carolina Mie | Camila Hucs.

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