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O aumento da variedade de streamings: cabe no bolso?

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Os streamings são uma tendência no Brasil, e cada vez mais dominam o mercado do entretenimento nacional. Desde 2011, quando a Netflix chegou ao país, a variedade de plataformas só aumentou, atualmente contando com oito principais serviços. Justamente por essa amplitude de opções, a divisão dos direitos de exibição pode restringir o consumo dos assinantes, assim como demandar um alto investimento do consumidor. 

Para elucidar a questão do alto custo para ter acesso aos principais streamings, segundo um levantamento da Valor Investe, para assinar 10 das principais plataformas disponíveis seriam gastos três salários mínimos por ano, ou R$ 3,4 mil. Nesse sentido, a jornalista de cultura e entretenimento, Laysa Zanetti, do Splash Uol, julga ser relativo se os valores são justos ou não e que é necessário avaliar cada caso separadamente. “Algumas plataformas como a MUBI oferecem uma curadoria diferenciada, já outras acabam saindo caras porque a oferta de originais não é tão interessante para a audiência”. 

O crescente consumo destes serviços levou muitos canais de televisão a criarem as suas próprias plataformas, como é o caso da Warner Bros. Petterson Felisberto, que trabalha no marketing da Warner, acredita que a ascensão do modelo online acaba por impactar negativamente os canais fechados. “O imediato é o mais importante, e, por meio de um serviço de streaming, é possível assistir no momento em que deseja a programação que quiser, sem a necessidade de ter que esperar pelo disposto na grade do canal”. Um exemplo é o que ocorreu com a Disney recentemente. Em uma conferência de tecnologia e mídia em maio deste ano, o CEO da companhia, Bob Chapek, afirmou que a empresa irá fechar 100 de seus canais internacionais de TV, com o objetivo de poder focar completamente no Disney+.

Desde o início da pandemia da Covid-19, o consumo diário de streamings se tornou um hábito para 43% da população brasileira, de acordo com uma pesquisa realizada pela Toluna em parceria com a divisão de Mídia da Nielsen Brasil. Mesmo assim, a visão do consumidor não é apenas positiva. Bernardo Marchiori, estudante de jornalismo na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), demonstra compreensão quanto à ampliação de plataformas, apesar das consequências financeiras. “É compreensível pelo rumo que a TV e outras mídias estão tomando, mas, como consumidor assíduo de filmes, séries e esportes, o bolso pesa mais”, afirmou. 

Diante desse cenário, o Portal de Jornalismo da ESPM-RJ realizou uma pesquisa com 50 pessoas sobre o consumo de streamings. Destes, 75% afirmaram ter a Netflix como plataforma mais acessada, além de ser a mais completa na opinião de metade dos que votaram. Sobre o serviço que gostariam de assinar, houve equilíbrio na eleição entre o Star+, o Disney Plus e a HBO Max, com 23,5%, 19,6% e 17,6%, respectivamente. Enquanto isso, 37 indivíduos (71,2%) admitiram recorrer à pirataria em caso de não possuírem determinada produção audiovisual disponível.  

Apesar de a pirataria ser considerada crime no Brasil, podendo levar a até quatro anos de prisão, ainda é a alternativa encontrada por muitos telespectadores. De acordo com um estudo feito pela Muso, empresa especializada em pirataria digital, esta demanda só aumentou com a pandemia, chegando a 70% em alguns países. Laysa Zanetti, com toda a sua experiência na área do entretenimento, acredita que a democratização do acesso é um caminho para combater este consumo ilegal,  principalmente se for levada em consideração a situação econômica dos países ao determinar o valor das ofertas.

É evidente que o aumento da variedade de streamings impactou o modelo tradicional de TV como também segmentou os conteúdos em diferentes plataformas. A jornalista Laysa supõe que um ponto positivo dessa ampliação é a movimentação da indústria, uma vez que, conforme as produtoras oferecem mais filmes e séries, consequentemente promovem empregos nesta área. Contudo, ela receia que o tema provoque efeito contrário do esperado. “Essa própria possibilidade de escolha ampla pode ser paralisante e causadora de desinteresse”.

Reportagem: Amanda Domicioli | Gabriel Mota | Juliana Ribeiro

Supervisão: Letícia de Lucas

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