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Impactos da pandemia na aviação

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O setor da aviação foi um dos mais prejudicados pelos impactos da pandemia da COVID-19. Em uma audiência pública realizada em abril, o diretor da Associação Internacional de Transporte Aéreo no Brasil, Dany Lima de Oliveira, afirmou que no ano de 2019 foram transportadas em todo o mundo 4,5 bilhões de pessoas. Entretanto, em 2020, esse número reduziu para 1,8 bilhões de passageiros, o que corresponde a um retrocesso de praticamente 20 anos. No Rio de Janeiro, o RIOgaleão – Aeroporto Internacional Tom Jobim, exemplifica essa realidade enfrentando um momento de intensa dificuldade.

Com a propagação do novo coronavírus, e consequentemente o fechamento das fronteiras, a quantidade de voos realizados reduziu drasticamente. Outra medida para impedir o contágio do vírus foi a limitação de passageiros por voo. Esses fatores foram responsáveis pela brusca queda das receitas das companhias aéreas, as quais implicaram em demissões em massa e também na redução salarial de grande parte dos funcionários.

O chefe do check-in, José Antônio Valério, trabalha no RIOgaleão há mais de trinta e cinco anos e comentou sobre as dificuldades do aeroporto internacional do Rio de Janeiro. ‘’Infelizmente, a situação é bem crítica e difícil de administrar. O maior impacto foi o desemprego no setor, diversas companhias aéreas não suportaram ficar fechadas e suspenderam suas rotas para o Rio’’. O chefe também destacou os prejuízos às empresas de turismo, as quais tiveram que demitir parte de seus funcionários por conta da restrição do número de voos e passageiros.

Além disso, o comércio do Tom Jobim também foi severamente impactado. Por conta da diminuição do número de pessoas que frequentam o ambiente, estabelecimentos foram obrigados a encerrarem suas atividades, pelo fato de que os comerciantes não conseguem sustentar seus devidos negócios. “Um aeroporto não vive sem passageiros, sem eles não temos razão para ter lojas e restaurantes em funcionamento. Muitos destes estão fechando por não conseguirem pagar suas contas, principalmente os aluguéis’’, afirmou José Valério. Outro ponto citado foi a elevada receita que um aeroporto desse porte demanda para se manter.

A redução do número de voos e de passageiros afetou, além das companhias aéreas, os lojistas do RIOgaleão. Com o comércio afetado e os voos cancelados, o próprio aeroporto precisou se reinventar e planejar o que deveria ser feito para evitar uma situação extremamente crítica. Sendo assim, os comerciantes aderiram a um programa chamado “Conexão Cessionários”, para que adequassem seus estabelecimentos à nova realidade e levassem aos passageiros o conforto e a segurança necessários no momento do consumo. “A presença de álcool em gel, acrílico no caixa de pagamento, cardápios por QR code, entre várias outras medidas, permitiram que os estabelecimentos pudessem voltar a ter fluxo à medida que as pessoas voltaram a viajar.”, afirmou a assessoria de imprensa do aeroporto. 

Mesmo com todos esses protocolos, 12 meses após o início da pandemia no Brasil muitas lojas ainda permanecem fechadas e sem previsão de reabertura. A Associação Nacional de Concessionárias de Aeroportos do Brasil (ANCAB), informou que o fechamento de grande parte das lojas no início da pandemia deixou muitos lojistas sem condições de pagar até metade do valor dos aluguéis. Desta forma, esses comerciantes ainda se encontram sem previsão de quando retornarão, normalmente, às suas atividades.

Não foram só os aeroportos que tiveram que aplicar novos protocolos para a recepção de passageiros, as aeronaves também receberam uma restrição severa para a realização das viagens. Entre as principais mudanças dentro dos aviões estão os banheiros, os quais passaram a possuir uma separação entre passageiros e comissários. O serviço de bordo é feito integralmente de máscara, para que seja evitado ao máximo o contato entre as pessoas. O ar condicionado da aeronave possui os filtros “HEPA”, esses que possuem uma extensa área de filtragem, os mesmos que são utilizados em um centro cirúrgico. Além disso, é obrigatório o uso de máscaras cirúrgicas durante todo o percurso em pessoas acima de onze anos. “Nós passamos a todo momento nas cabines para verificar. E às vezes, temos que acordar as pessoas que dormem e sem querer ficam sem a máscara.”, comentou o comissário de bordo Marcel Chapman. 

É inegável dizer que essa rotina de voos não é exaustiva para os funcionários que trabalham na área. A preocupação e responsabilidade com o passageiro é essencial, mas poucas vezes é pensado na saúde física e mental das pessoas que atuam nesse setor. “O que nos afetou bastante foi esse novo serviço que impactou o fator psicológico. Essa apreensão que ficamos sem saber se estamos em risco ou não, se estamos contaminados ou não.”, desabafou Marcel. Essa não é só a realidade do aeroporto internacional do Rio de Janeiro, mas como é também a de muitos outros ao redor do mundo.

 

Reportagem: João Manoel Morais e Luana Maia

Supervisão: Gabriela Leonardi e Juliana Ribeiro

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