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URECE, instituição de esporte e cultura para cegos, completa 17 anos hoje

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A URECE é uma associação sem fins lucrativos que promove a cultura e o esporte para cegos. A instituição completa nesta terça (25), 17 anos de atividades. Ela desenvolve projetos, treinamentos e oficinas para a comunidade de cegos, no Rio de Janeiro. A organização tem como princípio a transformação por meio do esporte.

A representação das pessoas com deficiência é outro papel fundamental da Urece. Engajada na garantia de direitos da comunidade e defensora da inclusão em espaços que envolvem a participação política, a associação também se mostra ativa fora do âmbito esportivo. A fundação tem representantes na Organização Nacional dos Cegos do Brasil (ONCB), na Rede Esporte pela Mudança Social (REMS) e no Conselho Estadual da Pessoa com Deficiência.

Roberto Paixão começou na URECE em 2014, por meio de um projeto de vendas de cardápios em braile. Em 2020, foi consagrado presidente da entidade. Ele ressalta a importância da inclusão da instituição também no momento de contratar os seus profissionais: “Uma academia regular, uma academia que não conhece o potencial de uma pessoa cega, não vai me dar um emprego”, concluiu.

Os principais projetos do instituto são iniciativas voltadas para o judô, futebol, atletismo e xadrez. Além de programas como o ‘ler pra ver’, que consiste na distribuição de livros em braile, e na reabilitação de deficientes que desenvolveram a condição após uma certa idade. “Chega deficiente pra gente que não sabe nem amarrar um cadarço e sai de lá correndo, pulando, saltando, brincando de bola, aprendendo judô e por aí vai”, concluiu Roberto.

Em seus 17 anos de história, a organização possui diversos casos de sucesso. Isso foi visto no desempenho de atletas da Urece no Jogos Paralímpicos do Rio em 2016, conquistando 5 medalhas, sendo duas de ouro e três de prata. O velocista Felipe Gomes foi um dos esportistas que subiu ao pódio em primeiro lugar nesta edição, além de ganhar todas as três medalhas de prata. 

Ele participou de sua primeira Paralimpíada em 2008, no entanto, não conseguiu subir ao pódio naquela ocasião, com uma lesão prejudicando o seu desempenho. Felipe começou a perder sua visão com 6 anos, devido um glaucoma congênito, uma condição rara dos olhos que afeta desde recém nascidos até crianças de 3 anos de idade, de acordo com o Centro de Oftalmologia Avançado. O atleta conseguiu dar a volta por cima em 2012, alcançando o ouro nos 200m rasos e o bronze nos 100m em Londres.

Felipe Gomes na prova dos 400m T11, em que ganhou a medalha de prata
Fernando Frazão/Agência Brasil

Felippe Silveira se tornou o primeiro atleta da entidade a vencer uma medalha paralímpica nas Paraolimpíadas de Londres, em 2012. Felippe conquistou a medalha de prata com o time brasileiro de goalball, um esporte desenvolvido exclusivamente para deficientes visuais, baseado nas percepções tátil e auditiva. Nele, a bola possui um guizo no seu interior, para que os jogadores saibam sua direção.

Jhulia Santos é uma atleta de atletismo da classe T11, que conta com a participação de deficientes visuais que podem ser puxados por até dois atletas-guias durante a corrida. A velocista perdeu a visão aos 9 anos de idade, devido à uma meningite. Ela ganhou o bronze nos Jogos Paralímpicos de Verão de 2012, em Londres, e também possui três medalhas nos Jogos Parapan-Americanos.

Um dos professores do instituto, Leonardo Lara, trabalha com judô para cegos e deficientes visuais há 20 anos. Ele acredita que a URECE é um dos principais provedores de inclusão para atletas no Rio de Janeiro e, por meio de seus dirigentes, promove isso a cada dia. “Que possamos ter mais locais como a Urece”, concluiu o treinador. 

 

Reportagem: Guilherme Dias, Lorenna Medeiros e Vitor Miguel

Supervisão: Gabriel Rechenioti e João Pedro Fonseca

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