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O crescimento de feats e a quebra de barreiras na indústria musical

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A indústria musical está repleta de feats, do termo em inglês “featuring”, que sinaliza a parceria de dois ou mais artistas em uma música. O mais recente feat inesperado aconteceu entre Bryan Behr e Calum Scott, cantando da primeira vez (from the first time) em português e inglês. Parcerias inusitadas como Sandy e a banda de heavy metal Angra, Roberto Carlos e Jennifer Lopez, Coldplay e BTS alcançam um número cada vez maior de ouvintes, evidenciando a quebra de barreiras na indústria musical.

O aumento dessas colaborações pode ser justificado pelos números de visualizações em plataformas digitais, como Youtube e Spotify. A música Rain On Me, produzida por Lady Gaga e Ariana Grande, chegou à primeira posição nas paradas musicais em 58 países e conseguiu, em 24 horas, atingir 21.281.742 acessos no Youtube. Esses hits vêm ganhando mais espaço ao redor do mundo e com a facilidade de comunicação, as barreiras de idioma são cada vez menores na indústria musical. Parcerias em diferentes línguas são mais recorrentes, como Despacito, de Luís Fonsi, Daddy Yankee feat. Justin Bieber, Vai Rebola Pro Pai – Ela é do Tipo Remix, de MC Kevin O Chris feat. Drake e Faz Gostoso, de Anitta feat. Madonna. Essas colaborações conquistam ouvintes de diferentes nacionalidades, ajudando o engajamento dos artistas nas carreiras internacionais, além de disseminar costumes de variadas culturas.

Os feats fazem muito sucesso e, segundo dados da União Brasileira de Compositores, durante o ano de 2020, entre as 100 músicas mais tocadas no Brasil pelo Spotify, 40% são um feat. Apesar da popularização atual dessas produções musicais, estas existem há décadas, como explica o professor de música Mateus Starling.  “Isso não é nem um pouco novo. Em 1986, Aerosmith fez um feat completamente inusitado quando chamou a banda de rap RUN DMC para gravar a música “Walk This Way”. Na época foi um estouro, portanto, existe muito precedente de sucesso para que isso continue sendo explorado”, afirma.

Outros exemplos de produções musicais com feats que fizeram sucesso antes das plataformas digitais, de acordo com o professor, são o álbum Supernatural (1999), de Carlos Santana, e Possibilities (2005), de Herbie Hancock. “Foi um grande momento de inflexão no cenário pop da época. Foi um álbum Top 10 por meses na parada pop. Um guitarrista latino chamando cantores de diversos estilos para fazer um álbum pop, isso sim foi inesperado. O pianista de jazz Herbie Hancock também surfou nessa onda com um excelente álbum de features chamado Possibilities em 2005 com artistas da música pop.”

Atualmente, essas parcerias têm sido utilizadas como forma de permanecer relevante em plataformas digitais. Dados da Playax, empresa que analisa audiência de música, apontam que, desde 2016, as reproduções de faixas com participações cresceram. Isso faz com que artistas busquem parcerias para terem mais chances de entrar em playlists em plataformas como o Spotify, por exemplo.

Além disso, muitos artistas fazem parcerias com o objetivo de crescer na carreira. O produtor musical Yuri Corbal diz que um dos maiores motivos de se fazer um feat é a troca de diferentes públicos. “Você gravar com uma pessoa de outro gênero, de outro país agrega na sua carreira a nível de relevância e a nível de chancelar você. Acho que, no geral, é também questão de representatividade mesmo e de gravar com outros artistas, mostrar a importância de fazer esse crossover [troca].”

Os feats são almejados pelos fãs, que comemoram cada parceria bem sucedida dos seus ídolos. Em 2019, O single Faz Gostoso, lançado em 2019 pela Madonna com a participação da  cantora brasileira Anitta, foi um marco na carreira da artista carioca. Os fãs da cantora, que originalmente vieram do funk, aclamaram o single e contam como este foi importante. “É um feat de grande orgulho para nós e ter isso na carreira da Anitta é com certeza algo de extrema importância para a carreira dela” , conta a diretora do fã clube “@anittaily”, no Instagram.

Por mais que sejam consideradas inusitadas ou aleatórias, essas colaborações ganham constante espaço no cenário musical, e cada vez mais os fãs geram expectativas nos lançamentos inesperados de seus artistas favoritos. Além de alavancar a carreira de bandas e cantores menos conhecidos, os feats são de grande importância para o desenvolvimento de artistas já consagrados, que buscam formas de evoluir artisticamente.

 

Reportagem: Arthur Vilela | Deborah Lopes | Luana Maia

Supervisão: Leticia De Lucas

 

 

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