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Livros x E-books

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Os e-books, ou livros digitais, surgiram há quatro décadas, com o projeto Gutenberg, e têm se popularizado nos últimos anos. Segundo uma pesquisa da Nielsen em parceria com a Câmara Brasileira do Livro e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), o mercado editorial aumentou em 115% o faturamento de conteúdo digital entre 2016 e 2019. Por outro lado, os exemplares físicos continuam a ser vendidos e disputam novos leitores. Enquanto muitos procuram o mundo digital como uma nova forma de ler, outros não abrem mão do estilo clássico.

Embora os livros digitais sejam mais práticos e mais baratos, os exemplares em papel têm características próprias, que os tornam especiais. A gerente de livraria Maria Rosa acredita que o e-book não vai substituir os físicos, já que muitas pessoas gostam de sublinhar e ter a sua cópia em casa, o que atrapalha na adaptação para os digitais. “Muita gente até tem os e-books, mas vem aqui para o livro físico mesmo, quer ter o livro.”

A estudante de Direito, Mariana Brandão, de 19 anos, conta que sempre foi uma leitora assídua. Por isso, durante a pandemia, precisou recorrer aos e-books para acompanhar as novidades do mundo literário e se surpreendeu com as facilidades que os livros digitais proporcionam. Segundo ela, estes são mais leves, mais baratos e não ocupam espaço. “Eu tinha o Kindle em casa, então para mim foi muita vantagem simplesmente pesquisar o livro que eu queria, poder baixar uma amostra e começar a ler”, disse. 

Porém, essa não é a realidade de muitos brasileiros. A pirataria foi a alternativa para aqueles que não conseguiram acompanhar a alta dos preços e não tinham acesso às versões eletrônicas. Devido à ampla oferta de PDFs, o número de livros ilegais baixados cresceu, e é isso que explica a biblioteconomista Samara Gomes. “Considero, ao mesmo tempo, que devido aos altos preços do livro físico e por conta da facilidade de encontro e downloads gratuitos do mesmo, principalmente em grupos de Whatsapp e Facebook, o consumo ilegal (pirataria) também cresceu, afetando o mercado dos livros.”

Ainda assim, os livros físicos são produtos consolidados no mercado e na sociedade. Embora o número de vendas tenha caído em 2020, devido à pandemia, já voltou a subir. A pesquisa da SNEL afirma que, com a reabertura de estabelecimentos físicos, mais de 4 milhões de cópias foram vendidas só entre agosto e setembro. A gerente da livraria, Rossane Merat, diz que houve mais compras online de exemplares físicos durante a quarentena, mas, com o avanço da vacinação no país, o cenário tem mudado. “Agora, o movimento tem aumentado e, por causa da volta às aulas, há muitos jovens na rua, que vêm bastante aqui.”

Com as livrarias reabertas, os clientes podem escolher o formato dos livros. Isso movimenta ainda mais o mercado literário, e é improvável que e-books e exemplares físicos se tornem concorrentes diretos. Samara diz que não vê o hábito da leitura digital como uma ameaça ao livro físico e parafraseia o autor Umberto Eco, em Não contem com o fim do livro.  “O livro é como a roda e a colher. Uma vez inventadas, não podem ser substituídas ou aperfeiçoadas”.

 

Reportagem: Bruna Bittar | Deborah Lopes | Letícia de Lucas.

Supervisão: Juliana Ribeiro.

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