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ESPM ressalta a importância da luta contra o feminicídio em debate com ativistas

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Hoje, a ESPM promoveu um debate sobre a importância da comunicação no enfrentamento à violência contra a mulher. A palestra contou com a presença de Regina Jardim, criadora do perfil “Quem ama liberta”, principal memorial de vítimas de feminicídio no Brasil, e Mônica Benício, vereadora e autora da lei que inclui o 25 de março como Dia Municipal de Luta pelo Fim do Feminicídio no Rio de Janeiro. 

O feminicídio, assassinato de mulheres em contextos discriminatórios, é a ação fatal decorrida das violências por consequência da desigualdade de poder entre os gêneros feminino e masculino e por construções históricas, culturais, econômicos, politicos e sociais. Segundo levantamento feito pelo G1, o Brasil teve um aumento de 5% nos casos de feminicídios em 2022 em comparação a 2021. São 1,4 mil mulheres assassinadas  por agressores – uma a cada 6 horas, em média. Esse número é o maior registrado no país desde que a lei de feminicídio entrou em vigor, em 2015.

Regina Jardim perdeu sua filha primogênita, em 2007, assassinada pelo seu ex-companheiro. Por conta do ocorrido, a fundadora percebeu a necessidade para que esses crimes não continuassem invisíveis para a sociedade, e por isso criou a comunidade no Orkut ‘Quem Ama Liberta’ onde postava matérias sobre o assunto. “Quando resolvi fazer a comunidade, fiz uma ‘listinha’ de mulheres assassinadas por feminicídio. Elas morreram pela sua liberdade, por dizer não a um relacionamento abusivo. Acredito que quem realmente ama deixa o outro viver da maneira que quiser e com quem quiser, por isso intitulei ‘Quem Ama Liberta’ “, declara a criadora do projeto. 

Em entrevista ao Portal, Regina falou sobre a importância do projeto e de como ela consegue impactar e conscientizar mulheres em situação de abusos, através de fotos e postagens. “Eu vejo que uma mulher marca a outra e fala “olha aqui”, porque ela tem uma amiga que está sendo agredida. O retorno que elas me dão é de agradecimentos e relatos de que ficaram com muito medo da foto delas aparecer ali. Quando leio um comentário desse, eu sinto que meu trabalho está sendo importante”. 

A professora também tocou no assunto das vítimas secundárias, aquelas que sofrem consequências diretas e não têm amparo do Estado. Diante da precariedade dos serviços públicos, os familiares se encontram traumatizados e possuem dificuldades para reconstruir suas vidas. “Ignorar tem um preço mais caro do que tratar. Queremos ser ouvidas. É muito triste ver o tempo passar e nossas filhas esquecidas” – disse Regina. 

Diante de um cenário como o do Brasil, Mônica Benício, militante de direitos humanos e ativista LGBTI+, conta que sua equipe, “Mandata Mônica Benício” (majoritariamente feita por mulheres feministas e LGBT´s), tem o principal objetivo de discutir qual seria o modelo ideal em prol da comunidade feminina para a cidade do Rio de Janeiro. Ela ainda afirma que é um mandato necessariamente anti racista, ecosocialista e anticapitalista, onde não cabe transfobia, e através desses marcadores, é possível seguir uma atuação parlamentar focada em ajudá-las.  

A vereadora também pontua sobre as conquistas de sua equipe em prol da luta das mulheres contra a violência. Desde o assassinato de sua companheira, Marielle Franco, em 14 de março de 2018, vem se dedicando incansavelmente na luta por justiça para este crime bárbaro, e se tornou referência internacional na defesa dos direitos humanos. “A gente apresentou o dia do enfrentamento contra o feminicídio, ele foi construído pelo movimento feminista, e 2023 é o primeiro ano que essa data foi marcada no calendário. Além desse movimento, fizemos o programa municipal de enfrentamento ao feminicídio, que foi aprovado em março do último ano”. 

 

Reportagem: Agnes Todesco, Julia Bento e Luciana Campos

Supervisão: Heitor Leite e Júlia Vianna

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